quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Branca estais colorada

Este texto, extraído de um auto de Gil Vicente, foi adoptado pela Liturgia das Horas para o Tempo do Natal:

Branca estais colorada,
Virgem sagrada.

Em Belém, vila do amor,
Da Rosa nasceu a Flor:
Virgem sagrada.

Em Belém, vila do amor,
Nasceu a Rosa do Rosal:
Virgem sagrada.

Da Rosa nassceu a Flor,
Para nosso Salvador:
Virgem sagrada.

Nasceu a Rosa do Rosal,
Deus e homem natural:
Virgem sagrada.

Gil Vicente

Os rigores do Inverno

Estas são as imagens que vê quem olha para a Sorte nestes dias ao fim da tarde. A geada não chega a descongelar de uns dias para os outros, acumulando camadas sucessivas.

Já se (re)vê o Posto Florestal

Depois de muito tempo encoberto pela vegetação, já podemos voltar a ver branquejar o posto florestal da Serra a Aveleira, no Camelo.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Um soneto de Natal

Se considero o triste abatimento
Em que me faz jazer minha desgraça,
A desesperação me despedaça,
No mesmo instante, o frágil sofrimento.

Mas súbito me diz o pensamento,
Para aplacar-me a dor que me traspassa
Que Este que trouxe ao mundo a Lei da Graça,
Teve num vil presepe o nascimento.

Vejo na palha o Redentor chorando,
Ao lado a Mãe, prostrados os pastores,
A milagrosa estrela os reis guiando.

Vejo-O morrer depois, ó pecadores,
Por nós, e fecho os olhos, adorando
Os castigos do Céu como favores.

Manuel Maria Barbosa du Bocage

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Está perto!

Apesar de ainda estarmos em Advento, já cheira a Natal por todo o lado. A própria Liturgia nos lembra isso: o Domingo passado foi o Domingo da alegria. Alegria porque o Natal está já muito perto. Um Natal que celebra um Nascimento de há dois milénios, mas também o Natal que é preciso que aconteça em cada um de nós e na nossa sociedade. De facto todos precisamos de um novo nascimento. E para isso é preciso que Ele, de alguma maneira, nasça em nós.
Este é o tempo da Senhora do Ó. Chama-se assim porque começou ontem (dia dezassete) a chamada novena do Natal, na qual as Vésperas (oração da tarde da Liturgia das Horas) têm para cada dia uma antífona a Jesus Cristo que começa por «Ó»: «Ó Sabedoria,…»; «Ó Chefe da casa de Israel, …».
Neste espírito de proximidade do Natal, festa que nos diz tanto, quer sejamos cristãos ou não, mais praticantes ou menos, aqui fica um poema de Natal de Miguel Torga, com o grande mérito literário que lhe era próprio.


HISTÓRIA ANTIGA

Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava, e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.

E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da Nação.

Mas,
Por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.

Miguel Torga

(Antologia Poética, Ed. do Autor, Coimbra 1981)

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Neve na Serra da Aveleira

O Inverno está à porta e muitos foram os nevões que caíram em algumas regiões do interior-norte do país durante este fim-de-semana, chegando mesmo a cortar algumas auto-estradas. Cá entre nós, na Lomba, não nevou, mas na nossa Serra da Aveleira chegou a nevar.

O frio que se faz sentir é muito mas nem em todos os invernos se reúnem as condições propícias para nevar na Lomba. Acontece apenas em alguns anos. Mas pelo menos na Serra da Aveleira é sempre possível apreciar um pouco de neve em alguns dias do ano, e algumas pessoas vão lá passar um bocado do dia, até porque ultimamente estes pequenos nevões têm calhado (curiosa coincidência) ao fim-de-semana.