segunda-feira, 22 de setembro de 2008

As antiguidades lombenses (3ª parte)

A Lomba no século XVII

É verdade, bem me lembro, que prometi falar sobre as invasões francesas na Lomba nesta terceira parte d’As antiguidades lombenses. Porém, novas descobertas surgiram entretanto: se já sabíamos que a Lomba existia pelo menos no século XVIII (grade do Senhor da Ladeira) e inícios do século XIX (invasões francesas), agora vemos as suas origens a “recuar” até ao século XVII. Consegui informações seguras sobre o assunto contactando com José Caldeira, da Nogueira, que se tem dedicado ao estudo das famílias do concelho de Arganil e dos concelhos limítrofes. Este ilustre estudioso nogueirense forneceu-me preciosas informações sobre as origens da Lomba.

Sabemos com segurança que a Lomba é habitada pelo menos desde o século XVII, porque há registo de um casal que cá morava nessa época: Manuel Antunes e Ana de Figueiredo. Ainda hoje há quem conheça a Lomba por «Lomba da Nogueira» porque noutros tempos teve de facto esse nome. A Nogueira, terra já bastante antiga (século XIV, pelo menos), dava naturalmente nome a lugares vizinhos, como é, ainda hoje, o caso do Cabeço da Nogueira. A propósito da já falada colonização da Lomba por pessoas da Nogueira, diz-nos José Caldeira:

«A Lomba deve ter nascido das famílias da Nogueira que se estabeleciam naquela lomba, em muitos casos com tabernas, por ser aquele o caminho dos serranos que vinham à vila. Isto não quer dizer que o local não fosse há muito habitado, mas como fazendo parte do território nogueirense.
»Outra razão para a deslocação de nogueirenses para o local pode ter sido por serem rendeiros das terras da Comenda (certamente da Comenda de São Gens na Ordem de Cristo)».

Mas José Caldeira tem provas concretas da presença de habitantes na Lomba no século XVII:

«A primeira vez que encontro referência à Lomba da Nogueira ou ao Casal da Lomba da Nogueira é no século XVII, com um casal aí residente: Manuel Antunes e Ana de Figueiredo. Dos seus vários filhos encontro uma, também Ana de Figueiredo, a casar em 1696 com um Manuel Francisco, do Vale de Nogueira. Destes descendem quase todas as famílias da Lomba e da Nogueira e não só».

Qual era a proveniência deste casal, antepassado de quase todos nós? Quanto a este ponto José Caldeira levanta algumas suposições, embora não as dê como certas:

«É possível que a Ana de Figueiredo mais antiga fosse da Nogueira e o marido viesse de fora, talvez da Pampilhosa, pois um seu neto tinha a alcunha de «Furica» e o nome porque são conhecidos os pampilhosenses é «Furrica». Seria assim o primeiro dos muitos serranos que se casaram na Lomba, decerto por ser no caminho da serra. Mas tudo isto são apenas suposições difíceis de confirmar».
Certamente todos gostaram de saber que a Lomba já tem pelo menos três séculos. Quanto à antiguidade, foi o mais longe que conseguimos chegar em investigação até agora. Quem sabe se entretanto não aparecem dados ainda mais antigos? É muito pouco provável, mas pode acontecer. Quem sabe?
Quanto à história das invasões francesas na Lomba, é um marco que fica ultrapassado no que diz respeito à pesquisa sobre antiguidades lombenses e por isso já não o vou tratar neste artigo, que fica encerrado com estas últimas descobertas. No entanto, por ser um assunto bastante importante não deixarei de o tratar, mas vou fazê-lo numa outra série de artigos que publicarei em breve.

3 comentários:

Anónimo disse...

Grande orlando,

Mais uma vez fantástico!!

Sem palavras....Continua!!!

Jorge Costa

Jaquina disse...

Forca Orlando continua.

Angelo TAF disse...

Em princípio os primeiros Antunes chegam à Nogueira/Lomba, provindos da Povoa de Folques, mais tarde também da Balbona. Existiam em dois polos: Povoa de folques e se não me engano Casal S. Pedro(quem desce da lomba para Arganil à esquerda). No nascimento de Manoel em 26.11.1637 irmão de Isabel e Catherina, filhos de Maria Antunes e João Antunes, o padrinho é já o parente Padrinho que o pároco indica "veio da Nogueira". Espero ajudar.