segunda-feira, 13 de junho de 2011

Expressão oral

Companheiro
Entre nós, esta palavra usa-se, por vezes, como adjectivo aplicado aos animais, nomeadamente animais estimação, quando seguem os donos para onde quer que eles vão a pé (fazenda, etc.). Diz-se até, com admiração, de certos gatos: «É companheiro!». Na verdade, dada a natureza algo rebelde dos gatos, causa admiração até que ponto alguns deles, muitas vezes, acompanham os donos.

Escarumar
Segundo o dicionário (Porto Editora), este verbo aplica-se apenas à flor da videira, mas o povo aplica-o sempre que se refere à flor de qualquer fruto. Quando as videiras, oliveiras ou árvores de fruto começam a deixar cair as flores, depois de fecundadas, diz-se essas árvores «estão a escarumar».

Sapado
Significa, de uma maneira geral, tudo o que tem a ver com chuva ou humidade. Quando se vêem no horizonte nuvens de chuva diz-se que «vem lá tudo sapado». Àquele nevoeiro espesso que deixa tudo orvalhado chama-se «névoa sapada».

12 comentários:

Carlos Dias disse...

Queria indicar mais duas frases para este título de Expressão Oral:
ALHURES e NENHURES, muito usados nas nossas terras da Beira. Mais a frase Nenhures (Onde vai tio Alfredo ? A nenhures), do que Alhures.
Alhures, quer dizer "noutro lugar, algures". Nenhures, quer dizer " a lado nenhum, a nenhum lugar". Daí o exemplo quando se perguntava a alguém velhote onde ia, a resposta fosse " A Nenhures menino, fico por cá".
Abração

Carlos Dias disse...

Tenho procurado a confirmação de uma frase que a minha avó utilizava, quando por exemplo a fruta era azeda, o café não estava doce. Ela dizia que estava AIGRO.
Por não vir nos Dicionários, perguntei a quem me podia esclarecer se de facto Aigro existe, pois me lembro de na minha infância deste termo ser muito utilizado nas nossa bandas. E a resposta chegou: Aigro=Agro, do latim acer, acris, acre que quer dizer azedo, ardente, picante.
À minha avó, que se fosse viva hoje teria 150 anos, por tudo quanto me ensinou, dedico esta pesquisa e aqui deixo o AIGRO que era utilisado quando se tratava de algo azedo, menos doce, sem açucar.
Abração

Anónimo disse...

Ao que o visitador Carlos Dias disse sobre Aigro, nem precisava pesquisar. Bem perto de Arganil, nas Aldeias do Xisto no Concelho de Góis, existem além de Comareira e Pena, existem as povoações de Aigra Nova e Aigra Velha, sinal de que Aigro ou Aigra (azeda) sempre existiu.

Carlos Dias disse...

Não queria abusar deste Bloge, o qual, segundo o seu dinamizador, é para tratar de assntos da Lomba. Mas porque houve um Anónimo que simpaticamente me ajudou, queria agradecer-lhe e dizer o seguinte:
-Podem não ter a mesma raiz, o substantivo próprio (nome de aldeia) Aigra Velha e o adjectivo qualificativo Aigro (azedo). Já agora sobre sobre as Aldeias do Xisto, olhando para o seu mapa, são 24 e pasmai o gentes de Arganil, no concelho de Arganil apenas foi considerada a Benfeita, ficando de fora a nossa jóia o Piódão... De facto quem determinou as 24 aldeias não gostava de Arganil. Aigra Velha, tem dois moradores (casal Claro-marido e mulher) mas já teve 12 pessoas. Foi habitada por comerciantes que pernoitavam na aldeia nas suas travassias pela Serra. Como existiam muitos lobos, havia ligação entre todas as casas e à noite fechavam as entradas da aldeia com taipais de falheiras.
Abração e Obrigado ao Sr. Anónimo

P. Orlando Henriques disse...

Uau! Tenho de conhecer essa terra onde as casa comunicavam todas umas com as outras e à noite dava para fechar a aldeia!

Carlos Dias disse...

Viva Padre Orlando
Também não conheço. Porque o dignissimo Anónimo falou delas (Aigras) fui me documentar e encontrei a sua história numa Publicação das Aldeias de Xisto, onde diz que pertencem de facto ao Concelho de Góis, perto do Esporão (vendo pelo Google Earth). Mais uma vez o muito obrigado ao Anónimo que pelos visto já conhece Aigra Nova e Aigra Velha.
Abração

Carlos Dias disse...

Mais um termo muito utilizado nas "nossas bandas" e até na nossa terra: BAJOUJO, quer quer dizer Parvo. Muitas vezes se diz "és um bajoujo" quando queremos dizer que o que alguém está dizendo, não faz sentido, não tem nexo, é uma parvoice.
Ainda ouvi esta o ano passado na Lomba.
Abração do Costume

Carlos Dias disse...

Aqui deixo mais um termo muito utilizado na minha infância: SOSTRA.
Embora no dicionário diga que se refere a "Mulher desmazelada", as pessoas da minha terra quando se referiam a alguém, sem acção, dolente, com pouca iniciativa,calão, diziam "tu és um (ou uma) sostra".
Gostaria que alguém comentasse e dissese que os termos que aqui trago, são do seu conhecimento. Seria bom porque se criava uma interactividade saudável, relembrando termos orais que foram utilizados na nossa juventude e que se perderam.
Abração

João Guerra Henriques disse...

Saudações a todos!
Em resposta ao sr. Carlos Dias queria somente dizer que, em relação aos termos referidos apenas não conheço o SOSTRA.
ALGURES e NENHURES são termos que eu também uso.
Já o termo BAJOUJO, penso que não é necessário referir de onde o conheço.

Fiquem bem!

Carlos Dias disse...

Viva João
Isto é deprimente. Só os dinamizadores do Blog (o João e o Padre Orlando) e eu como frequentador Carlos Dias, interagimos com Comentários, apesar de ter muitos visitantes. No caso da Caixa do Correio da Lomba, só perante a denúncia neste Blog foi possível desencadear uma onda de protesto que chegou até à Assembleia da República.
Quanto ao termo Bajouja, claro que (como diria a falecida Dta Maria José Nogeira Pinto) "tu sabes que eu que tu sabes que eu sei" a quem se refere este recente "alcunha".
Quanto ao Sostra, pergunta às pessoas antigas, porque era muito frequente dizer-se na minha terra, quando se referia a alguém sem acção, sem energia, que passava os dias na cama... És um sostra.
Abração e até breve.

P. Orlando Henriques disse...

Já agora, também interajo, mesmo sendo dinamizador do blogue...
Só para rirmos um bocado, partilho aqui convosco que o nosso novo Bispo, D. Virgílio Antunes (que hoje entra solenemente na diocese!), tem uma expressão equivalente a “sostra”: quando ele era o nosso reitor no Seminário de Leiria (era em Leiria, onde o “Padre Virgílio” foi reitor uns poucos de anos, que nós fazíamos o ano propedêutico), se via em algum seminarista uma pessoa sem acção, sem ideais, sem grandes motivações (enfim, sem vocação…), muito parado, dizia “Ah, sua múmia!” (um colega de Castelo Branco era especialmente “atacado”).
Se entrava na sala de televisão no Inverno e via seminaristas que passavam as chuvosas tardes de Domingo a ver filmes enrolados em cobertores (não havia propriamente aquecimento central…), lá vinha: “Ah, suas múmias!”. Teve especial piada uma vez que alugámos o filme “A Múmia” (que é como quem diz “A Sostra”!).

Carlos Dias disse...

Acabei de utilisar o termo "Borra Botas". Um Borra Botas é uma pessoa sem nada de seu, um pobretanas, um indigente, um maltrapilho. Talvez (o Padre Orlando deve pronunciar-se)o termo tenha nascido na nossa juventude, quando um "pé descalço" usava na melhor situação umas botas ou uns tamancos, e os calções tinham uma abertura no rabo para o pequeno se agaichar e fazer as suas necessidades, daí o poder "borrar as botas". No lado oposto, os miudos tinham sapatos e meias e calças á homem. Então o pobre seria um Borra Botas, e o remediado um Fino, um Lisboeta.
Abração