As alminhas que há na Quinta estão datadas, mas infelizmente o segundo algarismo está danificado sendo-nos impossível saber se foram construídas em 1802 ou em 1902. Talvez sejam de 1902 porque o mais provável é que tenham sido construídas por António Fernandes Varandas, ou por ele e pelos irmãos, ou pelos pais deles.
Vejam esta fotografia e ajudem-me dando a vossa opinião: o segundo algarismo é um 8 ou um 9?
Estas alminhas foram ali construídas porque, conta-se, «naquele cruzamento havia muitos medos». Quer isto dizer que este monumento está relacionado com aquilo a que os antigos chamavam «as horas perigosas da noite». Na crença dos antigos havia horas que eram «perigosas» ou, pelo menos, mais perigosas do que as outras, horas a que o homem estaria mais vulnerável ao «Inimigo», ou talvez aos caprichos de almas do outro mundo ainda errantes do lado de cá, ou aos terrores do mundo sobrenatural de uma maneira geral.
Os medos dos antigos faziam-se sentir de uma forma mais intensa à noite, como era natural numa época em que não havia grandes sistemas de iluminação. Eles temiam verdadeiramente a noite! O pavor da noite era tanto ainda hoje se diz o ditado «A noite Deus a deu e Deus a temeu», como se a noite fosse temida pelo seu próprio Criador, tal é a sua natureza tenebrosa e assustadora. Segundo uma crença dos antigos, «o Senhor levanta-se às quatro horas da madrugada», por isso as «horas perigosas» seriam as horas nocturnas até às quatro da manhã.
A presença amiga e protectora de Deus, presente através das alminhas, desvanecia os medos de passar naquele lugar nas noites mais escuras.
As alminhas são monumentos erguidos pela fé dos nossos antepassados e ganharam esse nome por serem quase sempre dedicadas às Almas do Purgatório. Hoje a devoção popular passa por outros caminhos e a velha tábua do nicho, cujas imagens, provavelmente alusivas às Almas, o tempo apagou, serve hoje de retábulo a um desenho e a uma pequena imagem, ambos de Nossa Senhora da Saúde, escolhida para padroeira da Lomba aquando a construção da capela. 
5 comentários:
Olá Orlando
Eu Carlos Dias, apenas tendo em conta o formato dos algarismos 8 e 9, diria que deve ser um 8 (1802). Se fosse um nove, então a curvatura do lado direito do nove (9) era semelhante ao zero (0)que está a seguir. Para 1902, como vês teriam curvaturas iguais o nove e o zero, o que não acontece.
Mas a Aida como tem elementos famíliares da vida do tio-avô dela, talvez tenha outra ideia.
Sempre é mais uma opinião
Abração
Carlos Dias
Para mim Aida, é 1902, porque a bola do nove está nítida e a perna é interrompida pelo bocado que falta. Por baixo do lascado e ligeiramente em diagonal, está o resto do nove.
Analisando a minha árvore genealógica, encontro que José Fernandes Varandas, nascido na Nogueira em 1828, casou em 27.10.1858 com Maria Paula Almeida natural da Lomba (tenho certidão deste casamento), onde nasceu em 26.03.1838 (era 10 anos mais velha que o marido). Deste casamento de 1828, nasceram António Fernandes Varandas em 1862 (teu bisavô), e mais os irmãos: Maria da Conceição, Isabel, Ana, João, José, Augusta e Diamantino (em 20.04.1883) que foi o meu avô.
Existiu um outro António Fernandes Varandas, irmão da tua bisavó Laura da Costa, ou seja, pai e filho tinham o mesmo nome.
Isto talvez te ajude
Beijinhos
Maria Aida Duarte
É muito difícil saber se é um 8 ou um 9 porque a inscrição está muito danificada, e ainda por cima faz logo a diferença de um século!
Como a minha avó me disse que as alminhas tinham sido construídas por António Fernandes Varandas, ou pelos irmãos, ou pelos pais (José Fernandes Varandas e Maria Paula Almeida), apontei para 1902, porque em 1802 nem José F. Varandas nem Maria Paula eram nascidos.
Mas a dúvida para mim subsiste e não desaparece por mais que olhe para a inscrição: também tenho a impressão de que é um 8, porque me parece que a parte de cima deste algarismo misterioso se estreita em direcção ao meio, onde as duas linhas se cruzariam para formar um 8. Mas será mesmo?... Estaria a minha avó enganada? Há por aí mais alguém que queira tentar a sua sorte como arqueólogo?
Estive em Novembro na Lomba, concretamente no dia 1. Desloquei-me junto das alminhas e depois de ver em loco, reafirmo o que disse no primeiro comentário. A data é 1802, mantendo todos os argumentos que apresentei no primeiro comentário a que acrescento este: Nota-se perfeitamente que o bocado de massa em falta, corresponde ao círculo inferior do oito.
Talvez pelos elementos que colectaste, consigas confirmar ou desmentir que é 1802.
Abração
Carlos Dias
Olá Orlando,
Meu nome é Marlene Varandas de Figueiredo, sou brasileira, resido em Brasília-DF e sou neta (pelo lado materno) de Antônio Fernandes Varandas e Magdalena Costa Varandas, ambos portugueses. Meu avô emigrou para o Brasil, aos 21 anos de idade, em fins do séc. XIX. Aqui se casou com Magdalena Baeta Costa, filha de portugueses, com quem teve nove filhos. Ele era natural de Povoa da Foz, Arganil, Portugal. Será ele parente do António Fernandes Varandas citado por você?
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