quarta-feira, 21 de outubro de 2009

História da Comissão de Melhoramentos da Lomba (4ª parte)

Até 1987 a Comissão tratou de vários assuntos relacionados com pequenas obras a realizar na povoação e na casa de convívio. A proposta de serem dados nomes às ruas da Lomba e números de polícia às portas, apesar de nunca ter sido concretizada até hoje, foi lançada pelo menos por três vezes: a 09-11-1984; a 10-01-1986; e a 11-07-1986.


Mas a grande obra da Comissão nesta época foi a construção da capela, iniciada em 1987. Lê-se na 11ª acta, datada de 12 de Junho de 1987: «Foi deliberado dar início à construção da Capela cujos trabalhos já começaram em 10 de Junho de 1987 e no próximo dia 20 está já em vista começarem a encher-se as fundações cujos trabalhos esperamos continuar em bom ritmo incluindo fins de semana».



A capela foi inaugurada a 1 de Setembro de 1988 e sobre ela falarei mais pormenorizadamente noutro artigo.



Nos primeiros anos da capela a Comissão de Melhoramentos assumiu-se também como Comissão de Capela e Comissão de Festas. Assim, na 19ª acta, datada de 13 de Janeiro de 1989, foi «discutida a data da Festa em honra de Nossa Senhora da Saúde Nossa Padroeira que ficou deliberado realizar-se em 13 de Agosto faltando apenas a aprovação do Paroco da Freguesia». E na acta seguinte, datada de 14 de Julho de 1989, foi novamente discutido o programa de festas «em Honra de Nossa Senhora da Saude PADROEIRA DA LOMBA NOSSA TERRA NATAL», mas para os dias 2, 3 e 4 de Agosto. Não pôde realizar-se na data inicialmente prevista por não haver filarmónica disponível na região. Outro dado relevante é o facto de, «por não haver Mordomia para a realização das festas», os membros da Comissão presentes na reunião resolverem «organizar os festejos».



Mas na 23ª acta, de 13 de Abril de 1990, foi decidido formar «uma comissão de gente jovem para organizar as festas deste ano». E, de facto, a partir daí a Comissão de Festas ganhou autonomia em relação à Comissão de Melhoramentos. Quanto à Comissão de Capela, o caso só foi resolvido muito recentemente. De facto, até à chegada do actual pároco de Arganil, a Comissão de Melhoramentos era ao mesmo tempo a Comissão de Capela. Graças ao Padre Manuel Martins em boa hora foi possível criar uma Comissão de Capela autónoma da Comissão de Melhoramentos. Mas o processo não foi pacífico. Os dinheiros da capela estavam depositados numa conta em nome de particulares, membros da Comissão de Melhoramentos, e foi muito a custo que o dinheiro da capela foi colocado em nome da Fábrica da Igreja, embora num departamento próprio da capela da Lomba. A Fábrica da Igreja da Paróquia é a única instituição com personalidade jurídica para tratar estes assuntos, embora a maioria das pessoas não tenha compreendido isso. Talvez muitas pessoas não gostem disto que escrevo, mas é a verdade. De facto, mesmo hoje o assunto ainda não é pacífico…



Outra das principais acções da Comissão de Melhoramentos prende-se com a abertura de estradas, sempre pedida aos poderes autárquicos. Sobre isso fala-nos a 29ª acta, de 7 de Fevereiro de 1992.



Esta assembleia foi importante, porque a acta diz que «…pela primeira vez conseguimos reunir um número razoável de sócios». Quererá isto dizer que se vivia uma época de pouca participação por parte dos associados? Se assim era, o certo é que nesta assembleia se reuniram muitos, porque houve eleições (Carlos Manuel Correia Martins foi o novo presidente da direcção) e tratou-se do assunto das estradas. A acta diz que se decidiu falar com a Junta de Freguesia «para reparação da estrada de ligação ao Prado, à Terra da Vinha, abertura de uma estrada para defesa em caso de incêndio das casas do Comoro que ligaria a Costa à estrada do Porto Loba na encosta virada ao Mont’Alto, a possibilidade da reparação da estrada que vem da ponte das Cales a ribeira do Pisco e futuramente uma nova ligação desta povoação com acesso condigno, reparação da estrada que vai da cabina eléctrica à Sorte do Conde com interesses para os povos da Lomba e Nogueira e também, em colaboração com a União Nogueirense da estrada da Capela até às Eiras da Nogueira e Portal Lourenço.»


Especial destaque merece a estrada que, saindo da Costa, passa pelo Cômbaro e vai dar ao Vale de São Vicente, onde desemboca na estrada do Porto Loba. Era, como diz a acta, uma obra muito desejada porque estava em causa a segurança da povoação em caso de incêndio. Apesar de este assunto ser falado em 1992, só foi possível concretizar a obra no final da década. O mesmo se diga da estrada que vai da capela até ao Portal Lourenço passando pelas Eiras da Nogueira. Mas, felizmente, tudo se fez.


A estrada da Sorte foi aberta desde o Chão de Amandos (de onde tem ligação a Arganil) até ao pé da Poça da Sorte, mas não acabou de ser repara até à cabine eléctrica. A estrada para a Ribeira do Pisco (pela Costa e Ripado) nunca foi reparada, mas fez-se outra, que desce do Soito até lá.

Fim

6 comentários:

Carlos Dias disse...

A meu ver, os casos da transferência de verbas das Comissões de Melhoramentos para as Fábricas das Igrejas, foram muito mal explicados pelos párocos, houve pouca (eu diria nenhuma informação), parecendo aos olhos dos paroquianos um apropriamento dos dinheiros que as Comissões foram angariando, com muita luta, muita festa, muita rifa, passando "para a Igreja". Hove quanto a mim falta de sensibilidade da parte da igreja, mais parecendo uma acção tipo salazarenta, que o povo nunca compreenderia, nem compreende. Não foi só na Lomba, mas no Vale do Cordeiro, também pertencente à mesma paróquia, deu mal resultado e zanfas entre famílias. Cabe aos párocos mais novos (como tu) explicar agora que tudo está mais calmo, que não se tratou de "um roubo" mas por tudo legal perante a lei. Nota-se contudo, talvez por falta de sensibilidade da Paróquia de Arganil, que também a Comissão fabriqueira terá que abrir os cordões à bolsa para obras nas capelas, nas igrejas que lhe foram parar às mãos, com o esforço do Povo. Tenho conhecimento (pelo menos no Vale do Cordeiro) que o padre de Arganil, ao ser confrontado com despezas na capela, tem dito que arrajem dinheiro...Isto não é aceitável e gostava de ouvir a opinião do Diácono Orlando, sem guerras (embora seja ele Guerra), porque por exemplo durante mais de 2 anos a capela esteve sem luz, missa dita à luz de velas, porque o padre Martins, não quiz pedir à EDP a baixada.
Tenhamos calma, mas tudo no seu devido lugar. Uma contabilidade tem Deve e Haver, e pelo que me parece, em Arganil, só tem havido Haver. Despezas ? O povo que faça Festas, rifas, etc. O que leva as Comissões a terem Contabilidade paralelas, uma real, outra para mostar ao Padre. Isto não está correcto.
Vamos a explicar bem, sem forçar, como DEVEM ser as contas inter Comissões e a Fábrica da Igreja.
Abração
Carlos Dias

P. Orlando Henriques disse...

De facto, como diz o Sr. Carlos, não se tratou de "um roubo" mas de pôr tudo legal perante a lei. Mas isso foi explicado na altura, não houve falta de informação! Não sei se foi a explicação que não foi suficientemente clara ou se foram algumas pessoas que não quiseram ouvir nem compreender, mas o que é certo é que o Sr. Reitor explicou tudo isso cá na capela em mais do que uma ocasião.

A verdade é que não estou por dentro das contas da capela da Vale Cordeiro: a capela tem dinheiro? Não tem? Se não tem é justo que o Pároco peça às pessoas que se organizem no sentido de arranjarem dinheiro, sem esquecer, claro, que a paróquia também deve ajudar. O Padre Martins também disse na Lomba que a paróquia ajudaria a capela se ela necessitasse; mas, digo eu, também não pode ser só a paróquia a suportar a totalidade das despesas, e aí é justo que o Pároco diga às pessoas que arranjem dinheiro. Mas, como digo, não sei qual é a situação.

Mas parece-me muito meritório que o Padre Martins tenha conseguido que o dinheiro das capelas fosse depositado em nome da Fábrica da Igreja. Uma conta em nome de dois ou três particulares não é adequada para isso. E não é por as pessoas não serem honestas! Nem sequer é isso que está em causa. Simplesmente não é adequada. Se um dos titulares da conta contrair ou herdar dívidas, por exemplo… E se for preciso responder em tribunal por assuntos relacionados com a capela o Pároco é que é o responsável. A capela por si mesma não tem personalidade jurídica, quem lha dá (a única que lha pode dar segundo a lei) é a Fábrica da Igreja; porque a capela está no território da paróquia e é católica, não é protestante nem de nenhuma outra confissão.

São tristes as zangas que estão a acontecer no Vale Cordeiro, como foi triste um certo mal-estar que se viveu e de certa forma ainda se vive na Lomba por causa destas transferências de dinheiros. E seria bom para todos que essas situações se resolvessem.

Carlos Dias disse...

Olá Orlando
Acerca deste assunto tão melindroso, escrevi-te um mail pessoal sobre o caso. Tu respondes-te a quente sem leres o que escrevi nesse mail.
Sei que um padre não é um psicólogo. Por isso, os padres das aldeias, deviam ter sido preparados para esclarecerem, sempre pensando que estavam a falar com pessoas humildes, que foram educadas a respeitar TUDO o que o Sr. Reitor dizia. Depois sabemos que o estatuto de Padre, perante a sociedade, particularmente os mais velhos e na Província, são tão idolatrados, que as pessoas nem percebem o que eles disseram. Neste caso particular, falam sobre aquilo que lhes disseram para dizer aos paroquianos, para que estes a bem ou a mal (excomungados). Não foram preparados para um acto tão arreigado aos princípios Beirões, que deram tudo para terem a sua Capela. Houve casos no Norte onde o padre foi corrido a tiro de caçadeira. Felizmente nas Beiras somos mais pacíficos.
Há uns anos atrás, andando uma prima minha de braço dado na Vila, ela retirou o braço quando passamos pelo Padre Brás da Costa, porque ele não queria que as moças andassem de braço dado. Isto demonstra o respeito que um padre tinha naquele tempo, e que deveria ter nos dias de hoje. Mas com causas nobres. Tudo isto foi e continua a ser muito mal explicado, principalmente depois com as atitudes que "os novos donos das capelas" têm quando se trata de abrir o saco.
Estou crente que mais ano menos ano, tudo voltará ao mesmo, porque com Contabilidades paralelas, com a Igreja a não abrir o saco para obras, as Capelas acabam por começar a cair, e voltarão a ser as Comissões a tomar conta delas. Modifique-se a Lei, mas parece que as Comissões eram formadas por malfeitores (quem as fez ?) que agora tem que ser o Sr. Padre a gerir os dinheiros ?. Foram pessoas que tanto lutaram e trabalharam para as erguerem. Nunca vi um padre a trabalhar, ou a contribuir para erguer uma capela. No Val do Cordeiro, até o padre de Arganil (Brás da Costa) não autorizou da primeira vez, porque existia a do Casal e do Rochel. Quem contrariasse uma actitude destas, tinha a PIDE à perna.
Eu sei que tu sabes que eu sei, que nunca poderás concordar com o meu ponto de vista.
Mas sou livre de dizer o que penso.
Também não sou nenhum Saramago (arbusto silvestre)...
Mas não é por isto que nos vamos zangar...
Eu dou o assunto por encerrado. Finito
Abração
Carlos Dias

Carlos Dias disse...

Apenas queria pedir desculpa dos erros de português que aparecem por vezes nos meus comentários. Escrevo ao "correr da pena", sem correcção de texto e por vezes ficam palavras mal escritas, truncadas, mas espero que os leitores acompanhem as ideias, mesmo que numa ou noutra palavra faltem vogais ou consoantes,
A todos o meu pedido de desculpa.
Bem Hajam por isso
Abração
Carlos Dias

P. Orlando Henriques disse...

Obrigado, Sr. Carlos, não faz mal.
E também creio que não há razão para chatice nenhuma, nem entre nós nem com outras pessoas.

Bom, também não sei se sou capaz de esclarecer melhor as coisas, mas vou tentar.

Diz-se «a capela é do povo», mas não é isso o mais correcto: o mais correcto é «a capela é do povo DE DEUS», é dos cristãos católicos daquele lugar. Se no lugar houver, por exemplo, protestantes, a capela, sendo católica, não é deles, nem eles a querem…

A capela pertence à Igreja Católica, logo deve ser a paróquia a geri-la. Mas atenção: a paróquia não é o Padre: os paroquianos também são a paróquia. A paróquia também é as pessoas do lugar da capela. Os elementos da Comissão da Capela são cristãos que, fazendo parte daquele lugar, são, ao mesmo tempo, paroquianos.

Uma capela católica só é dos católicos, mas isto não é muito claro num lugar onde toda a gente é católica por tradição. E por isso a acção da paróquia na capela é vista como uma intromissão, e no que toca a dinheiro é vista como um roubo. Mas se a capela é dos católicos (que por acaso são todos, mas podiam não ser) então tem que ser gerida pelos católicos.

E a Fábrica da Igreja não é mais do que uma instituição que, perante a lei, representa a Igreja e gere os bens materiais da Igreja Católica.
Os bens materiais da Igreja (dinheiro, edifícios…) pertencem a todos os baptizados; mas alguém tem que os gerir em nome deles. Por isso são nomeados alguns deles (dos baptizados) para, juntamente com o pároco, fazerem essa gestão desses bens que são de todos, e que de todos continuam a ser. Esse grupo apenas gere uma coisa que é de todos, não se apropria dela.

Também existe outro problema: aos olhos da lei as capelas não têm personalidade jurídica, é como se não existissem! Portanto não têm número de contribuinte, e não podem ter dinheiro em seu nome.
Logo precisam que alguém lhes dê “existência” perante a lei, de alguém que lhes assegure a personalidade jurídica. E o organismo que a lei prevê para isso é a Fábrica da Igreja.

A Igreja tem os seus templos, por exemplo, a igreja paroquial. Mas de quem é que é a igreja paroquial? «Do povo», claro. Mas quem é o povo? Tem que haver alguém, uma pessoa (neste caso colectiva) em nome da qual está registado o edifício: essa pessoa é a Fábrica da Igreja. O mesmo acontece com as capelas e com tudo o que faz parte da paróquia. «É da Igreja…» Mas quem é a Igreja? Perante a Lei é a Fábrica da Igreja.

Espero que tenha conseguido fazer-me entender e que ninguém me leve a mal ou fique ofendido comigo.

Carlos Dias disse...

Olá Orlando
Eu tinha prometido a mim próprio que não voltaria a falar sobre este assunto. Mas quem lesse todos os comentários (meus e teus) era levado a pensar que nos tinhamos zangado. Nada disso, e por isso, volto a este assunto, pois o que tinha dizer sobre o que penso, está no E-Mail que te escrevi, quando fiz o primeiro comentário. Aí como viste tens o exemplo do Vale do Cordeiro e do dinheiro que ficou por pagar (a alguém).
Para resumir diria que a explicação que deste no primeiro comentário, foi igual à que o Padre Martins deu. É pouco para quem vê "voar" uma capela que tanto custou a fazer.
Agora, mais calmo e penso que depois de te aconselhares com Deus (Deus infinitivamente Bom nunca colaboraria numa acção destas) explicas com calma o que se passou em termos muito claros, coisa que não foi feita aquando da passagem para a Fábrica da Igreja. Os padres deveriam ter sido preparados para explicar o que ia acontecer, embora tenham tido Psicologia, "os mais velhos" (tu és dos novos) já nem se lembram nem dos princípios básicos. Em Engenharia, também temos a cadeira de Psicologia, e perguntar-se-á para quê. A herarquia da Igreja, deveria ter preparado TODOS para aquilo que pareceu aos olhos do Povo, um "golpe de mão". Bastaria que juntamente com o padre estivesse presente um advogado para escrarecer os aspectos jurídicos legais. Um padre a falar desses aspectos, pela sua impreparação, passa pelos assuntos como cão por vinha vindimada, porque também lhe falta a sensibilidade para o fazer. Aquilo que sempre defendi, era que deveria ter havido Bom Senso para que os padres não fossem vistos como foram. Mas infelizmente foram.
Em Lisboa, ninguém construiu capelas, de modo que ninguém protestou. Mas na Província, meu Deus, ninguém estava preparado para o que foi feito.
Parabéns pela tua explicação
Isto até pode parecer um teste ao Diácono Orlando para ver como vamos na sua caminhada para o Sacerdócio. Não tive essa intenção, mas tão só, agora que já passou tanto tempo, que sejamos esclarecidos TODOS.
Abração e até breve