terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Tradições de Ano Novo na Lomba de antigamente

Não, os antigos não iam para a cama às 21 horas no dia 31 de Dezembro como se essa noite fosse uma noite igual às outras. Na verdade, já antigamente se festejava na Lomba a passagem de ano. Tal acontecimento era festejado com tradições que são mais ou menos parecidas com as das outras terras da região e dos meios rurais do país de um modo geral.

Segundo tradições orais que recolhi, no tempo dos meus avós, a passagem de ano na Lomba costumava ser feita, geralmente, no Largo das Almas, embora num ou outro ano tenha sido feita no chafariz. Acendia-se o sempre indispensável cepo de Natal, à volta do qual todos se aqueciam. Havia a tradição de fechar um gato dentro de um cântaro que era pendurado no cimo de um poste muito alto e, à meia noite, soltar o cântaro que se estatelava no chão, saindo o gato a correr quanto podia debaixo das gargalhadas de toda a gente. Havia também a tradição de queimar “o velho”: fazia-se um boneco com roupas velhas recheadas de palha que simbolizava o ano velho que terminava; esse espantalho era ali queimado, simbolizando o fim do ano velho e as boas vindas ao ano novo.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Uma lenda de Natal contada na Lomba

O Natal está à porta, por isso deixo-vos uma lenda de Natal que (ainda) se costuma contar entre nós. É uma espécie de evangelho apócrifo. Não sei se é baseada nalgum evangelho apócrifo, mas mesmo que não o seja tem, certamente, características comuns. Centra-se na infância de Jesus, mas parece-me ser apenas uma história piedosa sem grande proveito, nem sequer na perspectiva moralizante. Ainda assim, é interessante transmiti-la, não mais que seja por ser uma história que nos veio dos nossos antepassados. E este blogue pretende conservar para o futuro os relatos da tradição oral da Lomba, tradição que se empobrece e desaparece cada vez mais.

Conta a lenda que, quando a Sagrada Família fugia (para o Egipto, para escapar à perseguição de Herodes), colocou as ferraduras do burro ao contrário de modo a que as marcas ficassem viradas na direcção oposta à que seguia, iludindo assim os perseguidores.
A lenda também conta também que, na sua fuga, a Sagrada Família passou por um campo de tremoços. Ora, uma plantação de tremoços já secos faz bastante barulho quando passamos pelo meio dela, porque os tremoços arramalham dentro das vagens. Como esse barulho denunciava a Sagrada Família em fuga, Nossa Senhora amaldiçoou os tremoços e é por isso, diz o povo, que «os tremoços não matam a fome a ninguém, por muitos que se coma». Não sei se os tremoços são ou não muito nutritivos, mas pelo menos o povo considera-os um simples entretém sem qualquer utilidade para matar a fome. Independentemente do valor nutricional que possam ter, o que é certo é que os tremoços não nos dão grande sensação de saciedade…
Sorte diferente da dos tremoços teve uma seara de trigo, que, como não podia deixar de ser, dada a simbologia e a importância do pão na nossa cultura, foi abençoado por Nossa Senhora.

Será que este evangelho apócrifo lombense (ou, talvez mais correctamente, da nossa região de um modo geral) pode ser considerado uma explicação etiológica para o facto de os tremoços não saciarem a fome?

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Os mimos da Lomba no mercado de Arganil

Hoje o mercado semanal de Arganil é à quinta-feira, mas antigamente era ao Domingo. Muitas pessoas da Lomba e dos outros lugares aproveitavam para ir à Missa, comprar o que precisavam e até levar os seus próprios produtos para vender.

Naquele tempo, os chamados “mimos” (legumes como feijão verde e afins, cultivados em hortas bem regadas) da Lomba e da Nogueira eram sempre os mais apreciados no mercado de Arganil e eram os primeiros a ser vendidos!

A minha bisavó Laura da Costa chegava lá às sete horas da manhã com o cesto cheio desses legumes, vendia-os logo, enchia o cesto com as suas compras e vinha-se embora, e muitas outras pessoas faziam o mesmo.

Contem aqui episódios dos vossos antepassados no mercado de Arganil, ou noutras ocasiões afins que mereçam aqui um relato.