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sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Lançamento do livro de José Caldeira "Famílias de Arganil" (vol. I)

No passado dia 4, no Centro Cívico da União Nogueirense, o genealogista José Caldeira, da Nogueira, fez o lançamento do 1º volume da sua obra “Famílias de Arganil”. Realizou-se, ainda, um almoço de homenagem ao ilustre genealogista que pensa lançar em breve os restantes volumes da colecção.

Associamo-nos ao júbilo desta ocasião com o Sr. José Caldeira cujo contributo foi tão precioso para a reconstituição da história da Lomba neste nosso blogue. Sim, foi graças ao Sr. José Caldeira que nos foi possível saber que as origens da Lomba remontam, pelo menos, ao séc. XVII (para ver, clique AQUI). Isso lhe devemos, não só nós mas todos os lombenses.
E, agora, ainda mais gratos lhe ficamos todos nós, não só lombenses e nogueirenses, mas todos os arganilenses em geral, por esta obra, cujo 1º volume acaba de ser lançado, e que nos permite conhecer, ainda melhor, o nosso passado e descobrir os fascinantes factos e curiosidades associados à história de cada família.
Veja as fotografias desta homenagem a José Caldeira seguindo este link:
https://www.dropbox.com/sh/e1fjyprv4xmgfg9/AAAXB-T-zFAHRwA-toQKJa3na?dl=0

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Tradições de Ano Novo na Lomba de antigamente

Não, os antigos não iam para a cama às 21 horas no dia 31 de Dezembro como se essa noite fosse uma noite igual às outras. Na verdade, já antigamente se festejava na Lomba a passagem de ano. Tal acontecimento era festejado com tradições que são mais ou menos parecidas com as das outras terras da região e dos meios rurais do país de um modo geral.

Segundo tradições orais que recolhi, no tempo dos meus avós, a passagem de ano na Lomba costumava ser feita, geralmente, no Largo das Almas, embora num ou outro ano tenha sido feita no chafariz. Acendia-se o sempre indispensável cepo de Natal, à volta do qual todos se aqueciam. Havia a tradição de fechar um gato dentro de um cântaro que era pendurado no cimo de um poste muito alto e, à meia noite, soltar o cântaro que se estatelava no chão, saindo o gato a correr quanto podia debaixo das gargalhadas de toda a gente. Havia também a tradição de queimar “o velho”: fazia-se um boneco com roupas velhas recheadas de palha que simbolizava o ano velho que terminava; esse espantalho era ali queimado, simbolizando o fim do ano velho e as boas vindas ao ano novo.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Uma lenda de Natal contada na Lomba

O Natal está à porta, por isso deixo-vos uma lenda de Natal que (ainda) se costuma contar entre nós. É uma espécie de evangelho apócrifo. Não sei se é baseada nalgum evangelho apócrifo, mas mesmo que não o seja tem, certamente, características comuns. Centra-se na infância de Jesus, mas parece-me ser apenas uma história piedosa sem grande proveito, nem sequer na perspectiva moralizante. Ainda assim, é interessante transmiti-la, não mais que seja por ser uma história que nos veio dos nossos antepassados. E este blogue pretende conservar para o futuro os relatos da tradição oral da Lomba, tradição que se empobrece e desaparece cada vez mais.

Conta a lenda que, quando a Sagrada Família fugia (para o Egipto, para escapar à perseguição de Herodes), colocou as ferraduras do burro ao contrário de modo a que as marcas ficassem viradas na direcção oposta à que seguia, iludindo assim os perseguidores.
A lenda também conta também que, na sua fuga, a Sagrada Família passou por um campo de tremoços. Ora, uma plantação de tremoços já secos faz bastante barulho quando passamos pelo meio dela, porque os tremoços arramalham dentro das vagens. Como esse barulho denunciava a Sagrada Família em fuga, Nossa Senhora amaldiçoou os tremoços e é por isso, diz o povo, que «os tremoços não matam a fome a ninguém, por muitos que se coma». Não sei se os tremoços são ou não muito nutritivos, mas pelo menos o povo considera-os um simples entretém sem qualquer utilidade para matar a fome. Independentemente do valor nutricional que possam ter, o que é certo é que os tremoços não nos dão grande sensação de saciedade…
Sorte diferente da dos tremoços teve uma seara de trigo, que, como não podia deixar de ser, dada a simbologia e a importância do pão na nossa cultura, foi abençoado por Nossa Senhora.

Será que este evangelho apócrifo lombense (ou, talvez mais correctamente, da nossa região de um modo geral) pode ser considerado uma explicação etiológica para o facto de os tremoços não saciarem a fome?

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Os mimos da Lomba no mercado de Arganil

Hoje o mercado semanal de Arganil é à quinta-feira, mas antigamente era ao Domingo. Muitas pessoas da Lomba e dos outros lugares aproveitavam para ir à Missa, comprar o que precisavam e até levar os seus próprios produtos para vender.

Naquele tempo, os chamados “mimos” (legumes como feijão verde e afins, cultivados em hortas bem regadas) da Lomba e da Nogueira eram sempre os mais apreciados no mercado de Arganil e eram os primeiros a ser vendidos!

A minha bisavó Laura da Costa chegava lá às sete horas da manhã com o cesto cheio desses legumes, vendia-os logo, enchia o cesto com as suas compras e vinha-se embora, e muitas outras pessoas faziam o mesmo.

Contem aqui episódios dos vossos antepassados no mercado de Arganil, ou noutras ocasiões afins que mereçam aqui um relato.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Pela Lomba a caminho de Ádela

Ádela «é uma aldeia da Beira Interior, situada nos contrafortes da serra do Açor, na Freguesia do Colmeal, Concelho de Góis». Fica na mesma serra que nós mas do lado oposto. Apesar de, nos dias de hoje, estas aldeias estarem mais distantes uma da outra, noutros tempos havia uma grande relação entre Ádela e a Lomba, uma vez que a Lomba era lugar de passagem para quem ia ou voltava da Serra da Aveleira, muitas vezes saindo da estrada e atalhando a “corta-mato” pelas encostas íngremes. Estes povos eram tão próximos que havia ligações pelo casamento.

Hoje, Ádela tem um belo site e um blogue muito interessante (o blogue de Ádela já se encontra entre as hiperligações deste blogue). Visitei-os há já algum tempo e estabeleci contactos através de comentários. E, de Ádela o Sr. Fernando Almeida, respondeu contando um pouco da história de quando os povos da serra, nomeadamente de Ádela, passavam pela Lomba a caminho de Arganil. É esse interessante relato que hoje partilho convosco:

«Eu ainda sou do tempo em que se fazia essa caminhada a pé...e sempre carregado. Quando se ia de manhã para a vila, o pessoal da serra juntava-se com o da Lomba e com o da Nogueira e até Arganil iam pondo a conversa em dia... E às vezes os rapazes aproveitavam para deitar o olho a alguma rapariga. Foi assim o Pena da Nogueira foi a Ádela casar com a tia Maria da Eira; e o tio Manuel Varandas, da Lomba, foi casar com a tia Laurinda!

No regresso, e para enfrentar a subida do Camelo, havia paragem obrigatória na taberna local onde se bebia um copito e se davam dois dedos de cavaqueira... E "ala que se faz tarde" porque havia muita serra pela frente!»

Fernando Almeida

Passem pelo site da Comissão e pelo blogue de Ádela, vejam as belas fotografias que lá estão publicadas e conheçam mais um pouco esta simpática aldeia, historicamente tão próxima da Lomba.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

História da Comissão de Melhoramentos da Lomba (4ª parte)

Até 1987 a Comissão tratou de vários assuntos relacionados com pequenas obras a realizar na povoação e na casa de convívio. A proposta de serem dados nomes às ruas da Lomba e números de polícia às portas, apesar de nunca ter sido concretizada até hoje, foi lançada pelo menos por três vezes: a 09-11-1984; a 10-01-1986; e a 11-07-1986.


Mas a grande obra da Comissão nesta época foi a construção da capela, iniciada em 1987. Lê-se na 11ª acta, datada de 12 de Junho de 1987: «Foi deliberado dar início à construção da Capela cujos trabalhos já começaram em 10 de Junho de 1987 e no próximo dia 20 está já em vista começarem a encher-se as fundações cujos trabalhos esperamos continuar em bom ritmo incluindo fins de semana».



A capela foi inaugurada a 1 de Setembro de 1988 e sobre ela falarei mais pormenorizadamente noutro artigo.



Nos primeiros anos da capela a Comissão de Melhoramentos assumiu-se também como Comissão de Capela e Comissão de Festas. Assim, na 19ª acta, datada de 13 de Janeiro de 1989, foi «discutida a data da Festa em honra de Nossa Senhora da Saúde Nossa Padroeira que ficou deliberado realizar-se em 13 de Agosto faltando apenas a aprovação do Paroco da Freguesia». E na acta seguinte, datada de 14 de Julho de 1989, foi novamente discutido o programa de festas «em Honra de Nossa Senhora da Saude PADROEIRA DA LOMBA NOSSA TERRA NATAL», mas para os dias 2, 3 e 4 de Agosto. Não pôde realizar-se na data inicialmente prevista por não haver filarmónica disponível na região. Outro dado relevante é o facto de, «por não haver Mordomia para a realização das festas», os membros da Comissão presentes na reunião resolverem «organizar os festejos».



Mas na 23ª acta, de 13 de Abril de 1990, foi decidido formar «uma comissão de gente jovem para organizar as festas deste ano». E, de facto, a partir daí a Comissão de Festas ganhou autonomia em relação à Comissão de Melhoramentos. Quanto à Comissão de Capela, o caso só foi resolvido muito recentemente. De facto, até à chegada do actual pároco de Arganil, a Comissão de Melhoramentos era ao mesmo tempo a Comissão de Capela. Graças ao Padre Manuel Martins em boa hora foi possível criar uma Comissão de Capela autónoma da Comissão de Melhoramentos. Mas o processo não foi pacífico. Os dinheiros da capela estavam depositados numa conta em nome de particulares, membros da Comissão de Melhoramentos, e foi muito a custo que o dinheiro da capela foi colocado em nome da Fábrica da Igreja, embora num departamento próprio da capela da Lomba. A Fábrica da Igreja da Paróquia é a única instituição com personalidade jurídica para tratar estes assuntos, embora a maioria das pessoas não tenha compreendido isso. Talvez muitas pessoas não gostem disto que escrevo, mas é a verdade. De facto, mesmo hoje o assunto ainda não é pacífico…



Outra das principais acções da Comissão de Melhoramentos prende-se com a abertura de estradas, sempre pedida aos poderes autárquicos. Sobre isso fala-nos a 29ª acta, de 7 de Fevereiro de 1992.



Esta assembleia foi importante, porque a acta diz que «…pela primeira vez conseguimos reunir um número razoável de sócios». Quererá isto dizer que se vivia uma época de pouca participação por parte dos associados? Se assim era, o certo é que nesta assembleia se reuniram muitos, porque houve eleições (Carlos Manuel Correia Martins foi o novo presidente da direcção) e tratou-se do assunto das estradas. A acta diz que se decidiu falar com a Junta de Freguesia «para reparação da estrada de ligação ao Prado, à Terra da Vinha, abertura de uma estrada para defesa em caso de incêndio das casas do Comoro que ligaria a Costa à estrada do Porto Loba na encosta virada ao Mont’Alto, a possibilidade da reparação da estrada que vem da ponte das Cales a ribeira do Pisco e futuramente uma nova ligação desta povoação com acesso condigno, reparação da estrada que vai da cabina eléctrica à Sorte do Conde com interesses para os povos da Lomba e Nogueira e também, em colaboração com a União Nogueirense da estrada da Capela até às Eiras da Nogueira e Portal Lourenço.»


Especial destaque merece a estrada que, saindo da Costa, passa pelo Cômbaro e vai dar ao Vale de São Vicente, onde desemboca na estrada do Porto Loba. Era, como diz a acta, uma obra muito desejada porque estava em causa a segurança da povoação em caso de incêndio. Apesar de este assunto ser falado em 1992, só foi possível concretizar a obra no final da década. O mesmo se diga da estrada que vai da capela até ao Portal Lourenço passando pelas Eiras da Nogueira. Mas, felizmente, tudo se fez.


A estrada da Sorte foi aberta desde o Chão de Amandos (de onde tem ligação a Arganil) até ao pé da Poça da Sorte, mas não acabou de ser repara até à cabine eléctrica. A estrada para a Ribeira do Pisco (pela Costa e Ripado) nunca foi reparada, mas fez-se outra, que desce do Soito até lá.

Fim

História da Comissão de Melhoramentos da Lomba (3ª parte)

Finalmente, a Comissão voltou a ser constituída a 17 de Novembro de 1970, sendo a

direcção composta pelos seguintes membros:

Presidente: Henrique Martins Almeida

1º Secretário: António da Costa Cruz

2º Secretário: Fernando Marques Costa

Tesoureiro: Eduardo Manuel Marques Correia

Vogal - Colaborador: José da Costa Cruz

A primeira acta depois desta constituição, datada de 17 de Novembro de 1970, conta-nos que às vinte e duas horas, «neste lugar da Lomba, freguesia e concelho de Arganil» se reuniram «Francisco Carvalho da Cruz, Fernando Marques Costa, Eduardo Manuel Marques Correia e José da Costa Cruz, a fim de constituírem a Comissão de Melhoramentos da Lomba cujo objecto é essencialmente promover o progresso e engrandecimento desta povoação da Lomba».

No Auto de Posse, datado do mesmo dia, «os abaixo assinados» comprometem-se todos «a, pondo acima do interesse pessoal os interesses da Lomba, pugnarem pelo progresso e engrandecimento da nossa terra».


E o livro só nos volta a dar notícias a partir de 1984, mas sei por outras fontes que, entretanto, foi eleita uma nova direcção, sob a presidência de Arménio Fernandes, e que foi construído o lavadoiro, que foi inaugurado no ano de 1977 ou 1978 (talvez 1978). Soube também que a inauguração do lavadouro marcou o início do piquenique anual, que mais tarde se viria a fundir com as festas em honra de Nossa Senhora da Saúde. Também já sabemos (nomeadamente através de um artigo já aqui publicado) que, entretanto, foi construída a Casa de Convívio e Recreio e sede da Comissão, inaugurada a 4-9-1983. Esta lacuna do livro de actas leva-me a crer que a sua actualização foi descurada, e talvez isso explique também os misteriosos interregnos anteriores.

Mas a partir de 1984 actas têm sido ininterruptamente redigidas até aos dias de hoje. Assim, lá encontramos, a 30 de Abril de 1984, a «Acta da reunião dos novos membros da Comissão», realizada pelas 21h30m. De relevante, diz-nos que os «estatutos» vão sair dentro de pouco tempo.

Poucos dias depois, a sete de Maio de 1984, foi a tomada de posse. Esta acta tem carimbos e selo do Notário («Reconheço a assinatura infra de Arménio Castanheira Fernandes. Cartório Notarial de Arganil, 5 de Junho de 1984») e diz o seguinte:

Acta da tomada de posse

Da primeira reunião dos novos membros da Comissão, em 7 de maio de 1984.

Aos 7 de maio do ano mil novecentos e oitenta e quatro, pelas vinte e duas horas, neste lugar da lomba, freguesia e concelho de arganil, reuniram-se todos os abaixo assinados, trocando impressões e cada um capacitado das responsabilidades que assumiu pondo acima do interesse pessoal, os interesses da lomba, assim como vão sair nos estatutos, em curto prazo.

Cientes das suas responsabilidades para com a nossa comissão, propondo-se defender os interesses da lomba vão assinar os empossados.

Lomba 7 de maio de mil novecentos e oitenta e quatro.

Direcção

Presidente: Arménio Castanheira Fernandes

v. presidente: Manuel Antunes Varandas

Tesoureiro: António Nunes Costa

1º secretário: Henrique Martins de Almeida

2º secretário: Eduardo Manuel Marques Correia

Vogais: Álvaro Nunes Almeida Batista

José Carlos Travassos Costa

Concelho fiscal

Presidente: Carlos Fernandes da Costa

Vogal: António da Pena

Vogal: Luiz Martins de Almeida

Assembleia geral

Presidente: João da Costa Almeida

Secretário: José Maria da Silva Pena

: Henrique Manuel Varandas André

Vogal: Arménio de Almeida Nunes Batista

A partir desta «primeira acta» a numeração das actas tem prosseguido até à actualidade.

domingo, 18 de outubro de 2009

História da Comissão de Melhoramentos da Lomba (2ª parte)

Pelo que parece, a Comissão de Melhoramentos da Lomba iniciou-se para alargar a Rua Principal, ou pelo menos foi essa a sua primeira obra. De facto, logo na segunda acta, datada de 10 de Novembro de 1948, é-nos dito que na reunião, realizada provavelmente também em Lisboa, se tratou do alargamento da Rua Principal (rua desde o Largo das Almas até onde hoje é a Capela), do lado sul, «em colaboração com a Comissão Local». Diz-nos também a acta que foi aberta uma subscrição para custear a obra, subscrição que, segundo nos é dado a entender, foi feita entre os conterrâneos de Lisboa, porque logo de seguida se diz que a subscrição «em cooperação com a Comissão Local», não chegou para custear as obras, pelo que foi preciso pedir dinheiro empretado, ficando a Comissão Local encarregue de liquidar o empréstimo. Na terceira acta, datada de 20 de Novembro de 1948, são dadas como concluídas as obras, que custaram um total de 7 780$50.

Portanto, havia, pelo menos aquando da fundação, duas Comissões, uma constituída pelos que estavam na Lomba (chamada «Comissão Local» na acta) e outra pelos que estavam em Lisboa. A Comissão Local seria a tal comissão informal que fazia obras e prestava serviços de utilidade pública, como a construção do depósito do Chafurdo e o controlo da água. A Comissão Local era constituída nesta altura, pelo menos, por Diamantino Varandas, Alfredo Nunes e Agostinho Coelho, para além de outros que com certeza fariam parte mas cujos nomes não consegui apurar.

Brasão da Comissão de Melhoramentos da Lomba

Seriam duas comissões autónomas, embora colaborantes, ou sub divisões de uma mesma e única Comissão de Melhoramentos da Lomba? O que é certo é que a Comissão de Lisboa se intitula «Comissão de Melhoramentos da Lomba» e se refere à outra como a «Comissão Local». Se as duas comissões eram uma só, apenas separada geograficamente, parece-me que a de Lisboa assumia a liderança. Seria? É difícil dizer qual seria a comissão principal. Mas parece-me claro que eram fossem duas comissões independentes, uma das quais (a fundada em 1948 em Lisboa) sucedeu à outra (a dita Comissão Local), mas que ainda chegaram a coexistir.

Parece que nos princípios da Comissão não havia eleições. As actas que relatam mudança de corpos gerentes não dizem que os novos corpos gerentes foram eleitos, mas sim que se deliberou para alterar a Comissão. De facto, a quarta acta, datada de 5 de Fevereiro de 1950, diz-nos que «Reuniu Esta Comissão, para Deliberar a alteração, desta Comissão Ficando assim constituida…». Quem sabe se a Comissão poucos ou nenhuns elementos teria para além dos que são designados nas actas como corpos gerentes?

Segundo o livro, a Comissão reuniu apenas mais duas vezes de pois desta mudança de corpos gerentes, e não é referido mais nenhum melhoramento para além do alargamento da rua.

A quinta acta, datada de 27 de Maio de 1951, diz-nos, novamente, que a Comissão reuniu para «deliberar a sua alteração».


A última acta desta primeira época é datada de 6 de Maio de 1951. É a última notícia que o livro nos dá de reuniões realizadas naquela época. Não sei o que aconteceu a seguir, mas aparentemente a Comissão ficou adormecida, ou pelo menos deixou de haver o zelo de registar as reuniões em acta.

Mas digo que a Comissão esteve adormecida porque o livro nos dá entender que foi novamente constituída a

15 de Fevereiro de 1967. Mas resta-me uma dúvida: foi uma reactivação depois de dezasseis anos ou foi apenas uma eleição normalíssima depois de dezasseis anos em que se descurou o livro de actas?

Eram estes os elementos da Comissão de 1967:

Presidente: Luiz Martins de Almeida

Secretário: Aníbal Alves Brás

Tesoureiro: Jaime da Cruz André

Vogais: Fernando de Almeida; João da Costa Almeida

Suplentes: Henrique Martins de Almeida; Armando Correia Baptista

O livro de actas nada mais refere acerca desta segunda constituição da Comissão.

Continua

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

História da Comissão de Melhoramentos da Lomba (1ª parte)

Caros leitores, aqui fica um pouco da história da nossa Comissão de Melhoramentos. Depois desta série de artigos dos vossos comentários a dar informações complementares, estarei em condições de acabar o que falta do artigo de história da Lomba para o site da Junta de Freguesia

A Comissão de Melhoramentos da Lomba foi fundada a 2 de Maio de 1948.

Como já disse num artigo anterior, antes da actual Comissão de Melhoramentos, oficialmente constituída, houve entre nós comissões informais de pessoas que se uniam para fazer melhoramentos cá na terra. A primeira das obras feitas por essa ou essas comissões de que consegui ter conhecimento é o depósito do Chafurdo.

Não sei os nomes de todas as pessoas que faziam parte dessa comissão, mas consegui saber que António da Costa Póvoas, Manuel Martins, António Duarte, Diamantino Varandas e Joaquim Caldeira da Costa são pelo menos alguns dos nomes que formaram a comissão que construiu o depósito e a mina do Chafurdo bem como a vala e a canalização para o chafariz, entre finais de 1932 e início de 1933.

Esta comissão também controlava a água. Diamantino Varandas era o responsável por esse serviço.

No Verão faltava a água e algumas pessoas iam à fonte enquanto toda a gente estava na fazenda a trabalhar e apanhavam a água toda. As outras pessoas, que tinham trabalhado todo o dia, ficavam sem nada, de modo que chegavam a casa ao fim do dia e queriam água para fazer a sopa e cozer as batatas mas não a tinham. Então o ti’ Diamantino fechava a torneira do chafariz (o mais antigo, de granito) com um cadeado, voltava lá ao fim do dia e controlava a distribuição da água conforme as necessidades de cada casa, sendo normalmente dois cântaros para cada casa.

Dois de Maio de 1948 é a data que costuma ser apontada como data da fundação da Comissão de Melhoramentos da Lomba.

De facto, segundo a primeira página do livro de Actas da Comissão de Melhoramentos da Lomba, a sua fundação foi no dia 2 de Maio de 1948, no Poço Borrotem, nº 30, em Lisboa.

A primeira direcção era assim constituída:


Presidente: Luiz Martins de Almeida

Vice-presidente: Manuel Fernandes Antunes Varandas

1º Secretário: José da Costa Póvoas

2º Secretário: José Maria da Costa Almeida

Tesoureiro: José Nunes Jorge

Vogais: António Travassos Júnior; José Martins Serra; Albano Nunes Jorge


Folha de rosto do livro de actas da Comissão de Melhoramentos da Lomba, na qual se pode ler a data da sua fundação e os nomes da sua primeira direcção.


A primeira acta diz o seguinte:

Esta Comissão é Formada por cotas por Socios efectivos e auxiliares Ficando deliberado por maioria, os sócios efectivos pagarem a cota minima de Esc 5$00 mensais e os auxiliares 2$50 Ficando Deliberado por unanimidade que as cotas sejam pagas em casa do Tesoureiro.

Poço Borratem, nº 30

2 de Maio de 1948

Continua…

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

As alminhas da Quinta

As alminhas que há na Quinta estão datadas, mas infelizmente o segundo algarismo está danificado sendo-nos impossível saber se foram construídas em 1802 ou em 1902. Talvez sejam de 1902 porque o mais provável é que tenham sido construídas por António Fernandes Varandas, ou por ele e pelos irmãos, ou pelos pais deles.

Vejam esta fotografia e ajudem-me dando a vossa opinião: o segundo algarismo é um 8 ou um 9?

Estas alminhas foram ali construídas porque, conta-se, «naquele cruzamento havia muitos medos». Quer isto dizer que este monumento está relacionado com aquilo a que os antigos chamavam «as horas perigosas da noite». Na crença dos antigos havia horas que eram «perigosas» ou, pelo menos, mais perigosas do que as outras, horas a que o homem estaria mais vulnerável ao «Inimigo», ou talvez aos caprichos de almas do outro mundo ainda errantes do lado de cá, ou aos terrores do mundo sobrenatural de uma maneira geral.

Os medos dos antigos faziam-se sentir de uma forma mais intensa à noite, como era natural numa época em que não havia grandes sistemas de iluminação. Eles temiam verdadeiramente a noite! O pavor da noite era tanto ainda hoje se diz o ditado «A noite Deus a deu e Deus a temeu», como se a noite fosse temida pelo seu próprio Criador, tal é a sua natureza tenebrosa e assustadora. Segundo uma crença dos antigos, «o Senhor levanta-se às quatro horas da madrugada», por isso as «horas perigosas» seriam as horas nocturnas até às quatro da manhã.

A presença amiga e protectora de Deus, presente através das alminhas, desvanecia os medos de passar naquele lugar nas noites mais escuras.

As alminhas são monumentos erguidos pela fé dos nossos antepassados e ganharam esse nome por serem quase sempre dedicadas às Almas do Purgatório. Hoje a devoção popular passa por outros caminhos e a velha tábua do nicho, cujas imagens, provavelmente alusivas às Almas, o tempo apagou, serve hoje de retábulo a um desenho e a uma pequena imagem, ambos de Nossa Senhora da Saúde, escolhida para padroeira da Lomba aquando a construção da capela.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

História da Lomba no site da Junta de Freguesia

A página na internet da nossa Junta de Freguesia foi actualizada no que diz respeito à Lomba. Para além da hiperligação para este blog, o site da Junta de Freguesia de Arganil tem também agora um pequeno resumo da história da Lomba. É possível aceder seguindo a hiperligação deste blog para o site da Junta e depois seguir o caminho: Localidades » Povoações » Lomba. Também é possível chegar lá directamente, clicando nesta hiperligação. Ainda está incompleto, mas esperamos que venha a estar completo em breve.
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HISTÓRIA DA LOMBA
A Lomba no século XVII
Sabemos com segurança que a Lomba é habitada pelo menos desde o século XVII. Na verdade, o registo mais antigo de habitantes na Lomba é o do casal Manuel Antunes e Ana de Figueiredo, que habitaram na Lomba no século XVII. Uma filha desse casal, também chamada Ana de Figueiredo, casou em 1696 com Manuel Francisco, do Vale de Nogueira, e destes descendem, segundo o genealogista nogueirense José Caldeira, quase todas as famílias da Lomba e da Nogueira.
Ainda hoje há quem conheça a Lomba por «Lomba da Nogueira» porque noutros tempos teve, na verdade, esse nome: nos referidos registos do século XVII aparece como «Casal da Lomba da Nogueira».A tradição oral diz que «a Lomba é filha da Nogueira». De facto, ela nasceu, muito provavelmente, com a fixação de famílias da Nogueira que se estabeleciam naquela lomba. Eis as razões prováveis desse estabelecimento:
a) Na Lomba a estrada bifurca: para a Nogueira e para a serra. Ora, a estrada da serra era muito concorrida, porque era a via principal que todos os povos da serra usavam para chegar a Arganil. Mudando-se para este lugar, as pessoas da Nogueira estavam a aproximar-se de um caminho mais movimentado.
b) Segundo, José Caldeira, «outra razão para a deslocação de nogueirenses para o local pode ter sido por serem rendeiros das terras da Comenda (certamente da Comenda de São Gens na Ordem de Cristo)». Ainda hoje existem, submersos no matagal, marcos de pedra que delimitavam o território dessa comenda.
c) Além disso, a proximidade da vila de Arganil é maior.
d) Talvez a busca de um clima mais soalheiro. Na Lomba as eiras estão espalhadas por toda a povoação.
e) O abastecimento de água estava assegurado pela fonte do Chafurdo. Esta fonte era tão importante que ainda hoje se chama «Caminho da Fonte» ao caminho que conduz a ela. Seria, portanto, «a Fonte» da terra por excelência.
f) E quem sabe se o contacto visual com o Santuário do Mont’Alto não foi um incentivo de ordem espiritual à mudança para este lugar?
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Século XVIII: a grade de ferro
A tradição oral dá-nos uma notícia do século XVIII, ou seja, o século em que foi forjada a monumental grade de ferro que está na capela do Senhor da Ladeira, no Santuário do Mont’Alto, uma grade setecentista, como é, aliás, toda a capela. É a grade que divide o presbitério da nave da igreja, ocupando todo o arco desde o fundo até ao cimo, abrindo, no fundo, em duas portas. Para além de ser muito alta, a grossura das suas peças em ferro maciço impressiona quem a contempla! É uma obra feita com arte e infunde respeito pelas suas dimensões.
Surpreendentemente, esta obra magnífica foi feita na Lomba! Dizia o ti’Luís Almeida que «a grade de ferro que está na capela do Senhor da Ladeira, no Mont’Alto, foi feita cá na Lomba, numa forja que cá havia». Portanto, a Lomba tinha nesta época um ferreiro de certo mérito com oficina estabelecida. Existiu uma forja na rua do chafariz, onde hoje há um portão de madeira, e foi muito provavelmente aí que foi feita a grade de ferro do Senhor da Ladeira.
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Século XIX: as invasões francesas
Das três invasões dos franceses a Portugal a que atingiu Arganil e, portanto, a Lomba só pode ter sido a terceira, comandada pelo Marechal André Massena, que por cá passou em 1811. Conta-se que, quando vieram os franceses, o povo fugiu para a serra e a povoação ficou deserta. Um dos episódios relatados com certo pormenor é o de uma velhinha que não podia andar e por isso ficou cá e escondeu-se num palheiro. Os franceses, na sua pilhagem, descobriram-na e acabaram por queima-la. Consta que a velhinha foi queimada no forno do cimo da rua do pátio velho. Contam também algumas versões do relato que a queimaram por ela se negar a confessar onde é que havia mantimentos escondidos; mas, se, supostamente, mais ninguém da terra estava presente, como é possível saber exactamente o que se passou?
Por onde quer que passassem, os exércitos, esfomeados, buscavam alimento, que roubavam violentamente às populações: porcos, galinhas, milho, castanhas, vinho… O milho e a castanha eram a base da alimentação destes nossos antepassados. As pessoas enchiam enormes arcas de castanho com milho e castanhas secas para todo o ano. Quando os franceses chegaram, abriam as arcas e punham lá os cavalos a comer. Foram feitos esconderijos onde se armazenavam os mantimentos que era possível. Os mortos, a destruição e roubo de alimentos, as violações, as profanações de templos e o rasto de destruição e de fome que ficou depois foram marcas tão profundas que contribuíram para um trauma colectivo tão forte que chegou até hoje, de uma forma tão viva que ainda hoje a tradição transmite o grito: «Uuu! Ó Maria, vêm lá os franceses!»
Orlando José Guerra Henriques

domingo, 6 de setembro de 2009

As viagens para a Feira do Mont’Alto

Hoje a Feira do Mont’Alto tem apenas um valor simbólico, porque todos os dias do ano podemos sempre comprar tudo aquilo de que precisamos. Hoje este tipo de feiras vale apenas pelos espectáculos e diversões que oferece. Mas até meados do século XX a Feira do Mont’Alto era de uma importância fundamental para todos os povos da serra, porque era lá que as pessoas se abasteciam com o que precisavam para todo o ano: pipos, alfaias agrícolas, animais de trabalho (especialmente bois) e toda espécie de utensílios domésticos. E vinham pessoas de muito longe, até mesmo da Pampilhosa da Serra. E se hoje o melhor caminho da serra para Arganil é por Folques e Torrozelas, onde a estrada é alcatroada, naquele tempo toda a gente vinha a Arganil pela Aveleira e pela Lomba, que é o caminho mais curto. Isso fazia da Lomba um lugar de passagem muitíssimo concorrido.
Quando as pessoas da serra vinha para a Feira do Mont’Alto (que naquele tempo era sempre e só nos dias 6, 7 e 8 de Setembro), as que vinham de mais longe chegavam à Lomba na véspera e eram acolhidas pelas pessoas cá da terra, que lhes davam dormida nos palheiros, estendendo os toldos da azeitona sobre a palha ou capas de milho, que serviam de colchão, e davam abrigo nas suas lojas aos animais que eles trouxessem.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Aniversário da Casa de Convívio

Faz precisamente hoje, dia quatro de Setembro, vinte e seis anos que foi inaugurado o edifício da sede da Comissão de Melhoramentos da Lomba. De facto, uma das placas de mármore ostentadas na fachada do edifício diz:

CASA DE CONVIVIO
E
RECREIO

INAUG. EM 4-9-1983

Naquele tempo, o presidente da Comissão era o Sr. Arménio Fernandes, que entrevistei recentemente e me contou como tudo começou. E tudo começou cerca de cinco anos antes, no dia da inauguração de uma outra importante obra realizada pela Comissão: o lavadouro. Nesse dia surgiu a pergunta:
– Então qual é a obra que vem a seguir?
– A sede da Comissão!

Na verdade, a Comissão não tinha sede e as reuniões eram em casa do ti’ Nunes. Houve também, por essa altura, um comício do Dr. Fernando Valle, que, à falta de outro espaço, se realizou no Café Barata («a taberna», como lhe chamavam). A Comissão tinha que ter uma sede!

Depois de decidir qual seria o melhor lugar, comprou-se a casa em ruínas que existia onde hoje está a sede da Comissão.

A Câmara Municipal contribuiu com algumas ajudas, nomeadamente com areia, algum cimento, algum ferro e o trabalho da máquina escavadora. Mas foi sobretudo o povo da Lomba, com as suas generosas ofertas de tempo, dinheiro e mão-de-obra, que ergueu esta casa, como aliás quase todas as obras públicas da Lomba. E isso faz daquela casa uma verdadeira casa do povo. O povo, sob a direcção da Comissão, trabalhava mesmo quando os técnicos vindos de fora falhavam. Foi o que aconteceu, por exemplo, com o telhado. Estava contratado um carpinteiro para vir, em certo dia, fazer as vigas do telhado. Mas o tempo passava, era já meia manhã e estavam as obras paradas e os homens com sacos de serapilheira pela cabeça, como se usa por cá, para se protegerem da cacimba enquanto esperavam por um carpinteiro que não veio. O Sr. Arménio, habituado a dirigir trabalhos de construção civil, entregou o carro de praça que então tinha a outra pessoa, pedindo-lhe que o substituísse nos serviços que tinha marcados, e ficou lá com os homens a montar o travejamento do telhado, que ficou pronto ainda no final desse mesmo dia.

O dia da inauguração decorreu em clima de grande festa, com muitas palmas, elogios e a presença do Prof. Coimbra, na altura presidente da Câmara. O presidente da Câmara perguntou ao presidente da Comissão de Melhoramentos:

– Quem é que fez isto?
– Quem fez foi o povo!
– Mas quem é que orientou?
– Isso fui eu.
– E quem é que fez o projecto?
– Ó Sr. Professor, o projecto está na minha cabeça!
– Ó Arménio, tu abusas!
– Mas está bem feita. Mesmo sem projecto, esteja descansado, que ela não cai!

E já durou pelo menos vinte e seis anos!

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A Festa da Lomba há 20 anos (2ª parte)

Tal como prometido, aqui ficam mais imagens dos primeiros anos em que a se fez a Festa de Nossa Senhora da Saúde cá na Lomba. São fotografias do final dos anos oitenta e princípio dos anos noventa. O tempo passa tão depressa!...












quarta-feira, 5 de agosto de 2009

A Festa da Lomba há 20 anos (1ª parte)

Nesta semana que antecede a nossa Festa de Nossa Senhora da Saúde, publicarei algumas fotografias dos primeiros anos em que se fez a Festa. Já passaram vinte anos e estou certo de que todos gostarão de olhar para estas fotografias e recordar esses tempos. Desfrutem!




sexta-feira, 5 de junho de 2009

A ponte das Cales

A ponte das Cales é uma construção que deve despertar o nosso interesse. É uma ponte que parece ser antiga, é de pedra de xisto e tem um arco de volta perfeita. O arco de volta perfeita é uma técnica de construção muito inteligente inventada pelos romanos e usada ao longo dos séculos: as pedras dispostas em arco apoiam-se umas às outras de tal forma que quanto mais peso a estrutura tiver em cima mais as pedras são comprimidas umas contra as outras e a construção fica com uma solidez admirável.

A ponte tem uma certa altura, talvez mais do que três metros. Creio que foi construída com esta altura para não ser submersa pelas cheias no inverno. Na segunda metade do século XX, por exemplo, houve uma grande cheia que alagou todo aquele vale. A Comissão de Melhoramentos da Lomba fez obras de alargamento há poucos anos.


O lugar desta ponte parece, pelo menos nos dias de hoje, algo estranho, e deve-nos levar a colocar questões como: porque é que existe uma ponte antiga e em pedra num lugar como as Cales? A resposta parece ser evidente: para as pessoas e os carros poderem atravessar a ribeira, claro! Mas reparem, caros leitores, no seguinte: conhecem mais alguma ponte de pedra nas nossas fazendas? Todas as pontes que atravessam as nossas ribeiras são de madeira, ou então de cimento, no caso das pontes construídas ou reconstruídas mais recentemente (fim do século XX, princípios do século XXI). E todas elas são uma simples plataforma, nunca são uma construção tão forte e tão elaborada como uma ponte em arco. E, geralmente, são pontes simplesmente pedonais, raramente encontramos uma ponte antiga que possa ser atravessada por carroças ou tractores, até porque os acessos antigos eram, maioritariamente, carreiros e raramente estradas.

Tudo isto nos deve levar formular as seguintes perguntas:

- Qual é
a idade desta ponte?

- E porque é que, algures numa época antiga que ignoramos, estas fazendas mereceram uma ponte tão boa?

- Certamente os antigos fizeram esta ponte assim para poderem lá passar carroças, o que significa que a estrada tem, no mínimo, a mesma idade que a ponte. Então porque é que os antigos fizeram uma estrada para estas fazendas se iam a pé a tantas outras?
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São perguntas muito difíceis de responder, se é que é possível encontrar alguma resposta. Mas pelo menos uma coisa parece certa: se outrora foi feita esta estrada e uma ponte destas naquele lugar é porque a estrada era uma via de comunicação importante.

Juntemos a estes factos, já por si importantes, um outro também muito significativo: a estrada da Lomba para as Cales era (e de certo modo ainda é…) calcetada desde o Ripado até à Ribeira do Pisco. A calçada ainda lá está bem visível mas muito arruinada e escondida pela lama e por desabamentos de terra. Hoje a estrada, intransitável pelo aprofundamento das rilheiras de tractores a passar no terreno alagadiço, pela estreiteza própria das estrada antigas e pelo acumular de lama, está praticamente reduzida a um carreiro e foi substituída por uma nova que sai do Soito. Há uma razão para esta estrada ser calcetada: naquela descida brotam muitas nascentes e a água invade a estrada tornando-a enlameada e, portanto, escorregadia e alagadiça.
Este cuidado de calcetar a estrada nesta sua passagem mais enlameada revela, por este cuidado de a conservar em boas condições, que talvez fosse uma via importante.

Mas, se é que era mesmo importante, era importante porquê? Quais eram os pontos importantes que ligava? São questões para as quais peço a vossa ajuda, porque não encontro resposta certa para elas. E talvez nem seja possível encontrar a resposta enquanto não conseguirmos saber a idade da ponte.

No entanto, ainda que completamente às escuras, ouso avançar com uma hipótese de explicação. Vale o que vale (não vale nada, é apenas uma hipótese que imaginei!) mas é uma tentativa. Parece-me que a estrada e a ponte das Cales foram feitas para chegar ao mosteiro de Folques. O mosteiro era um lugar importante e talvez isto explique a construção de uma ponte tão boa (muito antiga?) e de uma estrada tão bem arranjada.

Ajudem participando: comentem esta mensagem, levantem hipóteses, dêem opiniões, contem tudo o que souberem sobre este assunto. Obrigado.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

O regionalismo na Lomba

Caros leitores
Estou a completar um artigo que sintetize a história da Lomba para ser publicado no site na Junta de Freguesia. Já temos aqui, no nosso blog, informação sobre os perídos mais antigos (do século XVII ao século XIX), mas faltava algo sistemático sobre a história recente, do século XX. Penso que é um século marcado pelas obras do regionalismo. Aqui fica um texto prévio para que todos possam ver e completar com mais informações e apontar incorrecções que encontrem. Obrigado a todos.


O movimento regionalista é o esforço que as populações das nossas serras, em espírito de união e tendo em vista o bem comum, empreenderam e continuam a empreender, para melhorar as suas condições de vida. É neste movimento que se inserem as numerosas comissões de melhoramentos que existem em quase todas as aldeias serranas. Costuma dizer-se que o regionalismo se iniciou em 1908, com a construção do sistema de abastecimento de águas do santuário do Mont’Alto. No entanto, julgo que o espírito regionalista já existia muito antes e já fazia mexer o povo. O povo simples das aldeias (talvez por nem sempre ser tido em conta pelos poderes políticos?) unia-se e construía em conjunto as suas próprias obras públicas. Na estrada para as cales há vestígios de calçada entre o Ripado e a Ribeira do Pisco, construída, provavelmente, por aquele caminho ser bastante enlameado. Quem é que calcetou aquele caminho?
Hoje existem a Comissão de Melhoramentos da Lomba e a União Nogueirense, ambas fundadas no século XX. Mas mesmo antes destas comissões oficialmente constituídas houve comissões informais de pessoas que se uniam para fazer melhoramentos de utilidade pública na Lomba e na Nogueira. A Lomba e a Nogueira sempre tiveram uma ligação estreita, e ainda estão de pé algumas obras que foram construídas por pessoas de ambos os lugares e para a utilidade de ambos. É o caso da escola velha da Nogueira, a «Escola Mista da Nogueira», assim chamada por receber, na sua sala única, alunos de ambos os sexos num tempo em que o habitual nas escolas era a separação por salas entre rapazes e raparigas. Foi nessa escola primária que estudou praticamente toda a gente da Lomba e da Nogueira até à construção da nova escola da Nogueira.
Também o campanário da capela de Santo António, na Nogueira, foi edificado por uma parceria de rapazes da Lomba e da Nogueira que, ainda no século XIX, decidiram construir a torre com o sino e o relógio. E, curiosamente, não construíram a torre junto à capela, mas um pouco afastada. Segundo Joaquim Caldeira da Costa, que pertenceu ao grupo de rapazes que construiu o campanário, este foi construído no lugar onde ainda hoje se encontra para que as horas se pudessem ouvir na Lomba. E ouvem-se, de facto!
A nossa actual estrada (Arganil – Lomba – Nogueira) foi inaugurada em Setembro de 1932. Seria uma obra realizada pela Câmara Municipal, pelo povo, ou por ambos?
O primitivo chafariz da Lomba, actualmente desactivado, foi erguido onde ainda hoje se encontra no final dos anos vinte início dos anos trinta do século XX. António da Costa Póvoas, Manuel Martins, António Duarte, Diamantino Varandas e Joaquim Caldeira da Costa foram pelo menos alguns dos nomes que formaram uma comissão que construiu o depósito do Chafurdo bem como a vala e a canalização para o chafariz.
Foi na segunda metade do século XX que foi fundada a Comissão de Melhoramentos, e foi construído o lavadouro e a capela de Nossa Senhora da Saúde.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

A Lomba tem 67 habitantes

É verdade, a nossa Lomba tem, neste momento, sessenta e sete pessoas a residir habitualmente. Creio que não me esqueci de ninguém, mas convido os estimados leitores a fazerem a contagem para confirmar os números.
Desses sessenta e sete habitantes, são quarenta e três os que vivem na rua principal e vinte e quatro os que vivem nas restantes ruas, isto é, na parte mais antiga da Lomba. Existem cinco crianças com menos de cinco anos em toda a povoação.
Quando chega o Verão e as férias a Lomba ganha uma vida especial e a sua população aumenta muito. Duplica? Triplica? Não sei, mas talvez os números se aproximem do dobro ou do triplo. O que é certo é que a vida obriga muitos de nós a sair da terra e nos meses de Inverno bem se nota até que ponto a população é reduzida, mesmo que continuemos com a ilusão de que ainda há muitos habitantes a residir habitualmente na Lomba. Eu próprio fiquei surpreendido ao fazer a contagem. Há muitas casas, mas muitas estão desabitadas ou são casas de férias. Principalmente na parte antiga, onde a desertificação se faz sentir mais. É inevitável sairmos da terra, mas estes números fazem-nos pensar.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

História do nosso chafariz

Fazer a história do chafariz da Lomba é fazer a história dos primórdios das canalizações de água na nossa terra. Digo isto porque não conheço informações relativas a água canalizada na Lomba antes da construção do chafariz. Mas agradeço aos estimados leitores que me informem se conhecerem dados mais antigos.

No início da década de trinta a água do Chafurdo passou a ser canalizada para a povoação, mais concretamente para o chafariz, edificado no mesmo lugar onde ainda hoje se encontra. Provavelmente antes dessa altura era preciso ir lá buscá-la com cântaros.

Já vimos na semana passada que antes o Chafurdo era um pequeno tanque a céu aberto. António da Costa Póvoas, Manuel Martins, António Duarte, Diamantino Varandas e Joaquim Caldeira da Costa são pelo menos alguns dos nomes que formaram uma comissão que construiu o depósito e a mina do Chafurdo bem como a vala e a canalização para o chafariz. Trata-se, portanto, de uma acção do movimento regionalista na Lomba. Das primeiras? Não sei. Talvez sempre as tenha havido, de forma mais organizada ou mais informal.

Nessa altura o fontanário actualmente em funcionamento, datado de 1948, não existia e havia um amontoado de esterco onde agora é o painel de azulejos. O fontanário que funcionava era o de granito que ainda lá está, desactivado, ao lado do actual.

Quando é que tudo isto aconteceu exactamente?
É difícil dizer, mas parece-me que foi entre finais de 1932 e início de 1933. Na verdade, segundo os relatos orais, o fontanário mais antigo que está no chafariz, o de granito (o primitivo?), veio em carro de bois e foi lá descarregado por Joaquim Fonseca em 1933 ou mesmo ainda em 1932, quando foi inaugurada a nova estrada Arganil – Nogueira (em Setembro de 1932).

O actual fontanário, de 1948, é igual a outros da freguesia (como o da Nogueira, o do Mourão, …), porque foram todos encomendados pela Câmara na mesma altura e à mesma empresa.

Segundo a ti’Conceição (que Deus haja), depois de feito o novo fontanário, quiseram mudar o antigo fontanário de granito para o lugar onde agora é a Comissão, «mas os velhos da terra bateram o pé e não deixaram!».

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

O Chafurdo antes da canalização

No fim do Caminho da Fonte encontramos o Chafurdo, fonte que, ao que parece, foi muito importante para a Lomba desde o seu início. Hoje o Chafurdo é um depósito coberto, porque no início dos anos trinta do século XX a água foi canalizada para o chafariz.
Mas antes das obras de canalização o Chafurdo era um pequeno tanque a céu aberto donde se apanhava a água. Aliás, chafurdo era o nome que se dava a este tipo de fonte. As dimensões deste tanque seriam pouco maiores do que as do tanque que agora lá está e para onde corre a água do depósito em excesso, no Inverno. Segundo a ti’Gracinda (que Deus haja), de vez em quando esse chafurdo primitivo era lavado: tirava-se a água toda com um aguadeiro, lavava-se o tanque e esfregavam-se umas pedras brancas que havia no fundo. Depois as pedras eram postas de novo no lugar e voltava-se a encher o chafurdo, que ficava com uma limpidez belíssima, «com as pedras a branquejar no fundo».