segunda-feira, 7 de setembro de 2009

História da Lomba no site da Junta de Freguesia

A página na internet da nossa Junta de Freguesia foi actualizada no que diz respeito à Lomba. Para além da hiperligação para este blog, o site da Junta de Freguesia de Arganil tem também agora um pequeno resumo da história da Lomba. É possível aceder seguindo a hiperligação deste blog para o site da Junta e depois seguir o caminho: Localidades » Povoações » Lomba. Também é possível chegar lá directamente, clicando nesta hiperligação. Ainda está incompleto, mas esperamos que venha a estar completo em breve.
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HISTÓRIA DA LOMBA
A Lomba no século XVII
Sabemos com segurança que a Lomba é habitada pelo menos desde o século XVII. Na verdade, o registo mais antigo de habitantes na Lomba é o do casal Manuel Antunes e Ana de Figueiredo, que habitaram na Lomba no século XVII. Uma filha desse casal, também chamada Ana de Figueiredo, casou em 1696 com Manuel Francisco, do Vale de Nogueira, e destes descendem, segundo o genealogista nogueirense José Caldeira, quase todas as famílias da Lomba e da Nogueira.
Ainda hoje há quem conheça a Lomba por «Lomba da Nogueira» porque noutros tempos teve, na verdade, esse nome: nos referidos registos do século XVII aparece como «Casal da Lomba da Nogueira».A tradição oral diz que «a Lomba é filha da Nogueira». De facto, ela nasceu, muito provavelmente, com a fixação de famílias da Nogueira que se estabeleciam naquela lomba. Eis as razões prováveis desse estabelecimento:
a) Na Lomba a estrada bifurca: para a Nogueira e para a serra. Ora, a estrada da serra era muito concorrida, porque era a via principal que todos os povos da serra usavam para chegar a Arganil. Mudando-se para este lugar, as pessoas da Nogueira estavam a aproximar-se de um caminho mais movimentado.
b) Segundo, José Caldeira, «outra razão para a deslocação de nogueirenses para o local pode ter sido por serem rendeiros das terras da Comenda (certamente da Comenda de São Gens na Ordem de Cristo)». Ainda hoje existem, submersos no matagal, marcos de pedra que delimitavam o território dessa comenda.
c) Além disso, a proximidade da vila de Arganil é maior.
d) Talvez a busca de um clima mais soalheiro. Na Lomba as eiras estão espalhadas por toda a povoação.
e) O abastecimento de água estava assegurado pela fonte do Chafurdo. Esta fonte era tão importante que ainda hoje se chama «Caminho da Fonte» ao caminho que conduz a ela. Seria, portanto, «a Fonte» da terra por excelência.
f) E quem sabe se o contacto visual com o Santuário do Mont’Alto não foi um incentivo de ordem espiritual à mudança para este lugar?
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Século XVIII: a grade de ferro
A tradição oral dá-nos uma notícia do século XVIII, ou seja, o século em que foi forjada a monumental grade de ferro que está na capela do Senhor da Ladeira, no Santuário do Mont’Alto, uma grade setecentista, como é, aliás, toda a capela. É a grade que divide o presbitério da nave da igreja, ocupando todo o arco desde o fundo até ao cimo, abrindo, no fundo, em duas portas. Para além de ser muito alta, a grossura das suas peças em ferro maciço impressiona quem a contempla! É uma obra feita com arte e infunde respeito pelas suas dimensões.
Surpreendentemente, esta obra magnífica foi feita na Lomba! Dizia o ti’Luís Almeida que «a grade de ferro que está na capela do Senhor da Ladeira, no Mont’Alto, foi feita cá na Lomba, numa forja que cá havia». Portanto, a Lomba tinha nesta época um ferreiro de certo mérito com oficina estabelecida. Existiu uma forja na rua do chafariz, onde hoje há um portão de madeira, e foi muito provavelmente aí que foi feita a grade de ferro do Senhor da Ladeira.
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Século XIX: as invasões francesas
Das três invasões dos franceses a Portugal a que atingiu Arganil e, portanto, a Lomba só pode ter sido a terceira, comandada pelo Marechal André Massena, que por cá passou em 1811. Conta-se que, quando vieram os franceses, o povo fugiu para a serra e a povoação ficou deserta. Um dos episódios relatados com certo pormenor é o de uma velhinha que não podia andar e por isso ficou cá e escondeu-se num palheiro. Os franceses, na sua pilhagem, descobriram-na e acabaram por queima-la. Consta que a velhinha foi queimada no forno do cimo da rua do pátio velho. Contam também algumas versões do relato que a queimaram por ela se negar a confessar onde é que havia mantimentos escondidos; mas, se, supostamente, mais ninguém da terra estava presente, como é possível saber exactamente o que se passou?
Por onde quer que passassem, os exércitos, esfomeados, buscavam alimento, que roubavam violentamente às populações: porcos, galinhas, milho, castanhas, vinho… O milho e a castanha eram a base da alimentação destes nossos antepassados. As pessoas enchiam enormes arcas de castanho com milho e castanhas secas para todo o ano. Quando os franceses chegaram, abriam as arcas e punham lá os cavalos a comer. Foram feitos esconderijos onde se armazenavam os mantimentos que era possível. Os mortos, a destruição e roubo de alimentos, as violações, as profanações de templos e o rasto de destruição e de fome que ficou depois foram marcas tão profundas que contribuíram para um trauma colectivo tão forte que chegou até hoje, de uma forma tão viva que ainda hoje a tradição transmite o grito: «Uuu! Ó Maria, vêm lá os franceses!»
Orlando José Guerra Henriques

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