terça-feira, 29 de setembro de 2009

Este poeta vos deixo...

António Aleixo, foi polícia, servente de pedreiro em França, cauteleiro, guardador de rebanhos, cantor popular de feira em feira.
Praticamente analfabeto, este poeta algarvio costuma ser menosprezado e catalogado depreciativamente como poeta popular. Porém, o valor de um homem vai muito além da formação e dos meios que a vida nem sempre proporciona a todos. Homem do povo, maltratado pela vida, mas há em alguns dos seus versos «uma correcção de linguagem e, sobretudo, uma expressão concisa e original de uma amarga filosofia, aprendida na escola impiedosa da vida, que não deixam de impressionar» (cf.
Fundação António Aleixo).



Quadras

A vida é uma ribeira;
Caí nela, infelizmente…
Hoje vou, queira ou não queira,
Aos trambolhões na corrente.

Crês que ser pobre é não ter
Pão alvo ou carne na mesa?
Mas é pior não saber
Suportar essa pobreza!

O luxo valor não tem
Nos que nascem p’ra pequenos:
Os pobres sentem-se bem
Com mais pão luxo a menos!

A esmola não cura a chaga;
Mas quem a dá não percebe
Ou ela avilta, que ela esmaga
O infeliz que a recebe.

A ninguém faltava o pão,
Se este dever se cumprisse:
- Ganharmos em relação
Com o que se produzisse.

O homem sonha acordado;
Sonhando a vida percorre…
Edesse sonho dourado
Só acorda, quando morre!

Quantas, quantas infelizes
Deixam de ser virtuosas…
E depois são seus juízes
Os que as fazem criminosas!...

Sem que o discurso eu pedisse,
Ele falou; e eu escutei.
Gostei do que ele não disse;
Do que disse não gostei.

Tu, que tanto prometeste
Enquanto nada podias,
Hoje que podes – esqueceste
Tudo quanto prometias…

Chegasses onde pudesses;
Mas nunca devias rir
Nem fingir que não conheces
Quem te ajudou a subir!

Os que bons conselhos dão
Às vezes fazem-me rir,
- Por ver que eles próprios são
Incapazes de os seguir.

Mesmo que te julguem mouco
Esses que são teus iguais,
Ouve muito e fala pouco:
Nunca darás troco a mais!

Entra sempre com doçura
A mentira, pr’a agradar;
A verdade entra mais dura,
Porque não quer enganar.

Se te censuram, estás bem,
P’ra que a sorte te perdure;
Mal de ti quando ninguém
Te inveje nem te censure!

António Aleixo, 1899-1949

Visite o site da Fundação António Aleixo e saiba mais sobre este homem extraordinário.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Os esquilos entre nós

O esquilo é um animal até há pouco tempo desconhecido na nossa região. Mas recentemente foi introduzido entre nós e, ao contrário de outros animais, que se tornaram odiados, por serem uma praga (javalis), estes simpáticos roedores castanho escuros, de peito branco e vistoso rabo laúdo, depressa conquistaram o coração de toda a gente. Infelizmente, acontece por vezes que alguns se aventuram nas nossas perigosas estradas e acabam da pior maneira. Vamos proteger este enriquecimento da nossa fauna!
Encontrei um destes amigos nos nossos pinhais que, embora um pouco assustado, se deixou fotografar e filmar de uma forma bastante razoável. Aqui ficam as fotografias e vídeos para todos verem. Nos vídeos, se subirem o volume do som, até vos é possível, embora a custo, ouvir os sons que o esquilo fazia.




Aqui deixo também alguma informação extra sobre os esquilos que recolhi:
O esquilo é um mamífero roedor espalhado por quase todo o mundo, embora maioritariamente pelas zonas de clima temperado ou tropical, mas também em algumas zonas de clima frio. Como todos os roedores, possui presas fortíssimas, graças às quais rói sementes com facilidade, principalmente bolotas. O esquilo é um animal arborícola, vive nas copas das árvores, de onde salta de um ramo para outro sem temer a queda. Os seus saltos chegam a atingir até cinco metros de comprimento.As sementes são a sua principal fonte de alimentação, mas também consomem insectos e frutas. Quando recolhem alimento enterram sementes, como pinhões, por exemplo, sendo que algumas chegam a germinar.Constroem ninhos com folhas e galhos em ramos muito altos, para abrigarem as suas crias da chuva e do vento. Durante a gestação das crias, os pais preparam o ninho para receber os filhotes, cujo número varia entre três e dez por ninhada. Em adulto, o corpo de um esquilo chega a medir 25 cm e o rabo 30 cm ou mais. (Fonte: pt.wikipedia.org)

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O alambique e as garrafas com escadinhas

Hoje vamos espreitar o alambique do Sr. Arménio, que é um dos poucos entre nós que ainda se mantém em funcionamento. Até há alguns anos quase toda a gente da Lomba produzia o seu vinho e, terminada a lida das vindimas, já com o vinho a acabar de fermentar nos pipos, aproveitava o cadarso para fazer aguardente, no seu próprio alambique ou no de um vizinho que o emprestasse. O alambique do Sr. Arménio, por ele erguido em 1979 (faz agora trinta anos) era um dos mais requisitados porque, de facto, eram poucas as pessoas que tinham o seu próprio alambique. Eram tantas as pessoas que o usavam, e nem sempre bem, que foi necessário afixar uma placa onde ainda se lê «sou muito frágil tratem-me com carinho».

Hoje, com a decadência da vida agrícola na Lomba, são cada vez mais as pessoas que deixaram de fazer vinho e, principalmente, aguardente. Constou-me que na Nogueira já ninguém tem alambiques ao uso e na Lomba o Sr. Arménio é uma das excepções.

Depois da destilação da aguardente, Arménio Fernandes dedica-se, como passatempo, a uma arte tão interessante como exigente de paciência: fazer garrafas de aguardente com escadas de madeira (como as de apanhar azeitona) em miniatura no interior. Conta-nos que faz as escadas a partir de um tronco de carvalho. Estas escadinhas são feitas com madeira verde, porque é mais fácil de trabalhar e não existe o problema de vir a secar e a encolher, uma vez que a madeira estará sempre mergulhada em líquido.
Mas como é que se consegue “meter” uma escada mais larga do que o gargalo dentro de uma garrafa? Na verdade, as várias peças da escada são colocadas ainda soltas dentro da garrafa, e só depois, com uma pinça e muito jeito, é que a escada é montada, já dentro da garrafa.

Arménio Fernandes diz-nos que «é um trabalho de muita paciência: por vezes a escada já está lá dentro, quase feita, e partem-se dois ou três degraus, e lá tenho que tirar tudo para fora e começar outra vez.»
Começou há cerca de dois anos e faz estes trabalhos por gosto e para oferecer. «Já fiz dezenas! Sinto-me contente por oferecer uma coisa dessas.»


sábado, 19 de setembro de 2009

A Lomba vista da Banda de Além

A Banda de Além, ou Lombo Serrão, é o pequeno monte que se estende a sul da Lomba, formando um “lombo” paralelo à nossa aldeia, do outro lado do vale da Sorte. Quem trilha a estrada que percorre o meio da encosta do monte deslumbra-se surpreendido com o panorama. Na verdade, as vistas daquele lugar para a Lomba são belas e diferentes daquelas a que estamos habituados. Infelizmente, as boas fotografias são difíceis de tirar, porque é raro encontrar uma boa “aberta” por entre a vegetação, mas não é impossível. Aqueles que não se costumam “perder” para aquela banda desfrutem estas fotografias e vejam a Lomba como nunca a viram. E, já agora, se isso for possível, descubram a vossa casa.

Uma nova estrada

Uma nova estrada que nasceu há uns meses atrás liga as propriedades da Ribeira da Nogueira à estrada que, vinda da Nogueira, percorre o Lombo Serrão, do lado da Lomba.

Licenciamento de poços e furos

Para informação dos leitores publico este texto de Marisa Soares que, embora vindo a lume há já algum tempo, tem informações que são sempre úteis.
Fonte: site da Junta de Freguesia de Arganil

LICENCIAMENTO DE POÇOS E FUROS

Apenas os proprietários de furos com meios de extracção poderosos, acima dos 5 cavalos (cv), necessitam de uma licença de utilização. Os restantes – cerca de 99 por cento dos casos – estão isentos dessa obrigação. O ministro do Ambiente, Francisco Nunes Correia, responde assim às preocupações manifestadas por um grupo de agricultores de Bragança, que criou mesmo a Associação Nacional de Proprietários de Poços, Furos e Captações de Água para travar aquela que é já conhecida como a “Lei dos Poços”.

O uso de meios com 5cv permite extrair 110 metros cúbicos de água por hora, num poço com 10 metros de profundidade. Esta é uma fasquia «muito alta, associada a grandes projectos hidroagrícolas», pelo que são mais susceptíveis de ter um «impacte significativo na qualidade das águas», esclarece Nunes Correia. No caso de valores de extracção muito elevados – de mais de 16,600 mil m3/ano, os proprietários ficam obrigados ao pagamento de uma taxa anual de 10 euros, um valor que aumenta proporcionalmente.

Manifestando-se «surpreendido» com a interpretação «absolutamente errónea» que foi feita da lei, Nunes Correia explicou esta tarde, em conferência de imprensa, que «as captações antigas não têm de ser comunicadas às Administrações de Região Hidrográfica (ARH) se os meios de extracção tiverem menos de 5 cv».

Essa comunicação é facultativa e permite apenas assegurar os direitos que assistem ao proprietário no caso de um vizinho pedir a abertura de um furo nas imediações do terreno. De igual modo, se não for feita, não implica o pagamento de qualquer coima. Em tom irónico, o ministro garantiu que «quem tirar um balde de água para dar de beber ao gato não precisa de licença».

Captações novas também não pagam

Em relação às captações novas, a comunicação deixa de ser facultativa, mas não exige qualquer pagamento. «Quem abrir um furo onde não tenha meios de extracção superiores a 5cv tem apenas que dar conhecimento às ARH», sublinha o governante.

No caso de possuírem meios com mais de 5cv de potência, os proprietários das captações devem regularizar a situação, obtendo na ARH correspondente à área em questão uma autorização para o uso dessa água, até 31 de Maio de 2010. No entanto, dado que «a generalidade dos meios de captação que as pessoas têm nos seus furos particulares ou poços não ultrapassa 1 cv, estarão isentos de licenciamento cerca de 99 por cento dos casos», refere.

Autora: Marisa Soares

Mais informações, consultar:
arhcentro.pt/form-rh/formRH.html
Administração da Região Hidrográfica do Centro, I.P.
Edifício Fábrica dos Mirandas
Rua Cidade de Aeminium
3000-429 Coimbra

Tel. 239850200
Fax 239850250
E-mail: geral@arhcentro.pt
Site: www.arhcentro.pt

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Os buracos foram tapados

Aquilo que ficou por fazer na semana passada foi feito ontem, segunda-feira: os buracos e bermas deterioradas da nossa estrada foram finalmente cobertos com a mistura de alcatrão e brita. Agora já se circula com mais segurança na nossa estrada que, sendo perigosa, se torna ainda mais se o pavimento estiver esburacado. É verdade que se mantém uma certa irregularidade do piso, cada vez mais coberto de remendos, mas isso só é possível ser resolvido com um tapete completamente novo. Mas para já, dentro do sistema utilizado (tapar os buracos), parece-me que se fez o melhor possível. Tenho esperança de que o piso novo não tardará…
Vejam as fotografias.

Grandes buracos, que há muito incomodavam, foram tapados mesmo dentro da Lomba:

A Volta do Pote, talvez o ponto mais perigoso, mereceu um contorno completo da berma:

Já não há tentação de sair para fora de mão:

As torturas das rupturas

Como demonstra o alcatrão remendado em ocasiões anteriores, este lugar tem sido propício aos rebetamentos da canalização.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Queremos ecopontos [que faltam] na Lomba

Separar e reciclar é, hoje, um sinal de civilização. Não se trata só de ser limpo e asseado, colocando «o lixo no lixo», mas de ter método e ser ecológico, separando esse lixo. É até um título de glória. De facto, nos tempos que correm, até já fica mal, seja a quem for, «pôr tudo no mesmo saco».

Felizmente a Lomba tem, há já alguns anos, um vidrão, e isso tem muito valor! Apesar de ainda haver quem teime em colocar o vidro usado no lixo comum, creio que a maioria dos lombenses se habituou, apesar de o vidrão lombense ser “filho único”, a enviar o vidro para a reciclagem.

Mas só o vidro… Na verdade, nunca tivemos contentores para o papel, nem para o plástico, nem para as pilhas. E se a Lomba tivesse esses ecopontos tenho a certeza de que os lombenses se habituavam a reciclar papel, plástico e pilhas, do mesmo modo que se habituaram a reciclar vidro. É tudo uma questão de hábito.

A devoção ecológica dos lombenses não é tal que os faça levar o lixo separado aos ecopontos da vila. Além disso, nos tempos que correm, todas povoações deveriam (julgo eu!) ter ecopontos. Por isso, queremos ecopontos na Lomba!

domingo, 13 de setembro de 2009

Tanto lixo!

Quem caminha pelas ruas da Lomba tem encontrado nas bermas estes sinais de falta de civismo. Desculpem o mau aspecto, mas este blogue não serve só para mostrar as coisas bonitas: há pessoas entre nós a conspurcar as ruas e o Nome da Lomba, que são de todos. Isto é extremamente grave e parece que não se vê muita gente importada com isso. Vamos lá, é preciso acabar com este tipo de atitude! Não basta criticar, cómoda e preguiçosamente, as falhas dos poderes públicos que nos governam: então e a nossa responsabilidade pessoal? Vamos! Igualdade e participação! Liberdade e responsabilidade! Até parece que não há caixotes de lixo na Lomba...

sábado, 12 de setembro de 2009

Uns sim, outros não...

Esta semana os funcionários da Câmara Municipal de Arganil taparam alguns dos maiores buracos da nossa estrada. Agora já se circula um pouco melhor, mas foi pena que não tivessem tapado todos os buracos. De facto, foram muitos (e alguns grandes!) os que ficaram por tapar. Na verdade, do que precisamos mesmo é de um tapete de alcatrão novo e completo! Vejam as fotografias e respectivas legendas:

Algumas verdadeiras crateras foram tapadas, e bem:
A curva da Volta do Pote, já de si perigosa, pode vir a ser fatal com o pavimento neste estado:
O perigo também espreita mesmo no meio da Curva do Pinheiro Manso:
As nossas bermas, cada vez mais roídas:
É grande a tentação de sair para fora de mão:

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Bodas de oiro matrimoniais

No passado dia dezanove de Agosto o casal António de Almeida Nunes Carneiro e Maria Celínia da Costa festejou cinquenta anos de matrimónio. Parabéns!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Serpenteando pela encosta...

Quem olha, a partir do Lombo Serrão, as escadas recentemente construídas (11-03-2009) desde a frente da Eira do Povo até à Sorte, vê o espectáculo de um divertido serpentear de cimento a descer pela encosta a baixo.
*
Segundo notícia publicada no Jornal de Arganil de 20-08-2009, página 6, a Junta de Freguesia de Arganil despendeu para as escadas e o corrimão do Caminho da Ladeira da Sorte a verba de € 4940, sendo a restante despesa assumida pela Comissão de Melhoramentos da Lomba, que gastou € 1347,40.

Agora é mais fácil encontrar

Estive a fazer uma reforma nas etiquetas das mensagens do nosso blogue. Atribuí uma etiqueta, pelo menos, a todas as mensagens, conforme o assunto tratado em cada uma (história da Lomba, Comissão, Capela, etc.) e coloquei aqui, do lado direito, a lista das etiquetas, para que os caros leitores possam aceder com toda a facilidade aos artigos se desejarem lê-los por temas.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

História da Lomba no site da Junta de Freguesia

A página na internet da nossa Junta de Freguesia foi actualizada no que diz respeito à Lomba. Para além da hiperligação para este blog, o site da Junta de Freguesia de Arganil tem também agora um pequeno resumo da história da Lomba. É possível aceder seguindo a hiperligação deste blog para o site da Junta e depois seguir o caminho: Localidades » Povoações » Lomba. Também é possível chegar lá directamente, clicando nesta hiperligação. Ainda está incompleto, mas esperamos que venha a estar completo em breve.
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HISTÓRIA DA LOMBA
A Lomba no século XVII
Sabemos com segurança que a Lomba é habitada pelo menos desde o século XVII. Na verdade, o registo mais antigo de habitantes na Lomba é o do casal Manuel Antunes e Ana de Figueiredo, que habitaram na Lomba no século XVII. Uma filha desse casal, também chamada Ana de Figueiredo, casou em 1696 com Manuel Francisco, do Vale de Nogueira, e destes descendem, segundo o genealogista nogueirense José Caldeira, quase todas as famílias da Lomba e da Nogueira.
Ainda hoje há quem conheça a Lomba por «Lomba da Nogueira» porque noutros tempos teve, na verdade, esse nome: nos referidos registos do século XVII aparece como «Casal da Lomba da Nogueira».A tradição oral diz que «a Lomba é filha da Nogueira». De facto, ela nasceu, muito provavelmente, com a fixação de famílias da Nogueira que se estabeleciam naquela lomba. Eis as razões prováveis desse estabelecimento:
a) Na Lomba a estrada bifurca: para a Nogueira e para a serra. Ora, a estrada da serra era muito concorrida, porque era a via principal que todos os povos da serra usavam para chegar a Arganil. Mudando-se para este lugar, as pessoas da Nogueira estavam a aproximar-se de um caminho mais movimentado.
b) Segundo, José Caldeira, «outra razão para a deslocação de nogueirenses para o local pode ter sido por serem rendeiros das terras da Comenda (certamente da Comenda de São Gens na Ordem de Cristo)». Ainda hoje existem, submersos no matagal, marcos de pedra que delimitavam o território dessa comenda.
c) Além disso, a proximidade da vila de Arganil é maior.
d) Talvez a busca de um clima mais soalheiro. Na Lomba as eiras estão espalhadas por toda a povoação.
e) O abastecimento de água estava assegurado pela fonte do Chafurdo. Esta fonte era tão importante que ainda hoje se chama «Caminho da Fonte» ao caminho que conduz a ela. Seria, portanto, «a Fonte» da terra por excelência.
f) E quem sabe se o contacto visual com o Santuário do Mont’Alto não foi um incentivo de ordem espiritual à mudança para este lugar?
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Século XVIII: a grade de ferro
A tradição oral dá-nos uma notícia do século XVIII, ou seja, o século em que foi forjada a monumental grade de ferro que está na capela do Senhor da Ladeira, no Santuário do Mont’Alto, uma grade setecentista, como é, aliás, toda a capela. É a grade que divide o presbitério da nave da igreja, ocupando todo o arco desde o fundo até ao cimo, abrindo, no fundo, em duas portas. Para além de ser muito alta, a grossura das suas peças em ferro maciço impressiona quem a contempla! É uma obra feita com arte e infunde respeito pelas suas dimensões.
Surpreendentemente, esta obra magnífica foi feita na Lomba! Dizia o ti’Luís Almeida que «a grade de ferro que está na capela do Senhor da Ladeira, no Mont’Alto, foi feita cá na Lomba, numa forja que cá havia». Portanto, a Lomba tinha nesta época um ferreiro de certo mérito com oficina estabelecida. Existiu uma forja na rua do chafariz, onde hoje há um portão de madeira, e foi muito provavelmente aí que foi feita a grade de ferro do Senhor da Ladeira.
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Século XIX: as invasões francesas
Das três invasões dos franceses a Portugal a que atingiu Arganil e, portanto, a Lomba só pode ter sido a terceira, comandada pelo Marechal André Massena, que por cá passou em 1811. Conta-se que, quando vieram os franceses, o povo fugiu para a serra e a povoação ficou deserta. Um dos episódios relatados com certo pormenor é o de uma velhinha que não podia andar e por isso ficou cá e escondeu-se num palheiro. Os franceses, na sua pilhagem, descobriram-na e acabaram por queima-la. Consta que a velhinha foi queimada no forno do cimo da rua do pátio velho. Contam também algumas versões do relato que a queimaram por ela se negar a confessar onde é que havia mantimentos escondidos; mas, se, supostamente, mais ninguém da terra estava presente, como é possível saber exactamente o que se passou?
Por onde quer que passassem, os exércitos, esfomeados, buscavam alimento, que roubavam violentamente às populações: porcos, galinhas, milho, castanhas, vinho… O milho e a castanha eram a base da alimentação destes nossos antepassados. As pessoas enchiam enormes arcas de castanho com milho e castanhas secas para todo o ano. Quando os franceses chegaram, abriam as arcas e punham lá os cavalos a comer. Foram feitos esconderijos onde se armazenavam os mantimentos que era possível. Os mortos, a destruição e roubo de alimentos, as violações, as profanações de templos e o rasto de destruição e de fome que ficou depois foram marcas tão profundas que contribuíram para um trauma colectivo tão forte que chegou até hoje, de uma forma tão viva que ainda hoje a tradição transmite o grito: «Uuu! Ó Maria, vêm lá os franceses!»
Orlando José Guerra Henriques

domingo, 6 de setembro de 2009

As viagens para a Feira do Mont’Alto

Hoje a Feira do Mont’Alto tem apenas um valor simbólico, porque todos os dias do ano podemos sempre comprar tudo aquilo de que precisamos. Hoje este tipo de feiras vale apenas pelos espectáculos e diversões que oferece. Mas até meados do século XX a Feira do Mont’Alto era de uma importância fundamental para todos os povos da serra, porque era lá que as pessoas se abasteciam com o que precisavam para todo o ano: pipos, alfaias agrícolas, animais de trabalho (especialmente bois) e toda espécie de utensílios domésticos. E vinham pessoas de muito longe, até mesmo da Pampilhosa da Serra. E se hoje o melhor caminho da serra para Arganil é por Folques e Torrozelas, onde a estrada é alcatroada, naquele tempo toda a gente vinha a Arganil pela Aveleira e pela Lomba, que é o caminho mais curto. Isso fazia da Lomba um lugar de passagem muitíssimo concorrido.
Quando as pessoas da serra vinha para a Feira do Mont’Alto (que naquele tempo era sempre e só nos dias 6, 7 e 8 de Setembro), as que vinham de mais longe chegavam à Lomba na véspera e eram acolhidas pelas pessoas cá da terra, que lhes davam dormida nos palheiros, estendendo os toldos da azeitona sobre a palha ou capas de milho, que serviam de colchão, e davam abrigo nas suas lojas aos animais que eles trouxessem.

sábado, 5 de setembro de 2009

Concerto de música animou noite de Verão

Apesar da frescura da noite e do espectáculo concomitante na Feira do Mont’Alto, foram vinte e duas as pessoas que não arredaram pé da esplanada do Café Barata e vibraram durante aquele espaço de tempo entre as vinte e uma e as vinte e duas horas e um quarto que foi preenchido com muita música popular tocada no órgão e na viola.

Os irmãos Guerra Henriques foram os músicos que animaram o serão:
A alegria contagiante das crianças encheu a noite:

No final, ainda houve quem achasse pachorra para se dedicar à engenharia:

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Aniversário da Casa de Convívio

Faz precisamente hoje, dia quatro de Setembro, vinte e seis anos que foi inaugurado o edifício da sede da Comissão de Melhoramentos da Lomba. De facto, uma das placas de mármore ostentadas na fachada do edifício diz:

CASA DE CONVIVIO
E
RECREIO

INAUG. EM 4-9-1983

Naquele tempo, o presidente da Comissão era o Sr. Arménio Fernandes, que entrevistei recentemente e me contou como tudo começou. E tudo começou cerca de cinco anos antes, no dia da inauguração de uma outra importante obra realizada pela Comissão: o lavadouro. Nesse dia surgiu a pergunta:
– Então qual é a obra que vem a seguir?
– A sede da Comissão!

Na verdade, a Comissão não tinha sede e as reuniões eram em casa do ti’ Nunes. Houve também, por essa altura, um comício do Dr. Fernando Valle, que, à falta de outro espaço, se realizou no Café Barata («a taberna», como lhe chamavam). A Comissão tinha que ter uma sede!

Depois de decidir qual seria o melhor lugar, comprou-se a casa em ruínas que existia onde hoje está a sede da Comissão.

A Câmara Municipal contribuiu com algumas ajudas, nomeadamente com areia, algum cimento, algum ferro e o trabalho da máquina escavadora. Mas foi sobretudo o povo da Lomba, com as suas generosas ofertas de tempo, dinheiro e mão-de-obra, que ergueu esta casa, como aliás quase todas as obras públicas da Lomba. E isso faz daquela casa uma verdadeira casa do povo. O povo, sob a direcção da Comissão, trabalhava mesmo quando os técnicos vindos de fora falhavam. Foi o que aconteceu, por exemplo, com o telhado. Estava contratado um carpinteiro para vir, em certo dia, fazer as vigas do telhado. Mas o tempo passava, era já meia manhã e estavam as obras paradas e os homens com sacos de serapilheira pela cabeça, como se usa por cá, para se protegerem da cacimba enquanto esperavam por um carpinteiro que não veio. O Sr. Arménio, habituado a dirigir trabalhos de construção civil, entregou o carro de praça que então tinha a outra pessoa, pedindo-lhe que o substituísse nos serviços que tinha marcados, e ficou lá com os homens a montar o travejamento do telhado, que ficou pronto ainda no final desse mesmo dia.

O dia da inauguração decorreu em clima de grande festa, com muitas palmas, elogios e a presença do Prof. Coimbra, na altura presidente da Câmara. O presidente da Câmara perguntou ao presidente da Comissão de Melhoramentos:

– Quem é que fez isto?
– Quem fez foi o povo!
– Mas quem é que orientou?
– Isso fui eu.
– E quem é que fez o projecto?
– Ó Sr. Professor, o projecto está na minha cabeça!
– Ó Arménio, tu abusas!
– Mas está bem feita. Mesmo sem projecto, esteja descansado, que ela não cai!

E já durou pelo menos vinte e seis anos!

Baptismo

Segundo uma notícia publicada no Jornal de Arganil de 03-09-2009, na página 3, foi baptizado no dia dois de Agosto passado o David Alexandre Costa Pena, filho de Rui Paulo dos Santos Pena e de Susana Costa Pena. A celebração aconteceu na igreja de São Pio V, na Jamaica (E. U. A.) e foi oficiante o Padre Luís António Aguiar e padrinhos António Manuel Costa Júnior e Elisabete M. Vieira.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Lomba: Noites de Verão 2009

À semelhança do que aconteceu no ano passado (ver a notícia Concerto musical abre noites de Verão), vai realizar-se amanhã, dia 4 de Setembro, um concerto feito por músicos cá da Lomba. Esta iniciativa, à semelhança do que aconteceu no ano passado, foi baptizada com o nome de «Noites de Verão» e vai acontecer no Café Barata, às 21 horas. Esperamos que muita gente faça deste concerto um bom “aperitivo” da Feira do Mont’Alto (que abre nesse dia) e que haja um bom número de pessoas a passar um bom bocado no Café Barata a partir das 21 horas.