Segundo um aviso afixado junto ao Café Barata, vai ser celebrada Missa na igreja matriz de Arganil no próximo sábado, 16 de Setembro, às 19h00, por alma de Manuel dos Santos Costa Correia Augusto.
Falecido há cerca de um mês, o Ti’ Manel dos Santos, da Nogueira, foi, até à data da sua morte, o ermitão* do Santuário de Nossa Senhora do Mont’Alto, jóia da paróquia de Arganil.
Que o Senhor o acolha na Sua Morada Eterna!
Pai nosso… Avé Maria…
– Dai-lhes, Senhor, o eterno descanso
– entre os esplendores da luz perpétua.
– Que descansem em paz.
– Ámen.
* Na paróquia de Arganil costuma chamar-se ermitão à pessoa responsável por zelar pelo Santuário do Mont’Alto. O ermitão é leigo e reside no santuário, cuidando dele a tempo inteiro.
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quinta-feira, 14 de setembro de 2017
sexta-feira, 22 de abril de 2011
As Cinco Chagas de Cristo

sábado, 26 de março de 2011
(Mais) expressão oral lombense
Hoje trago-vos mais algumas formas de falar características da nossa zona, nomeadamente da Lomba. Qualquer dia criamos um dicionário!
Apoquentar
Os lombenses de outros tempos também se preocupavam com os problemas da vida, mas não chamavam a isso “preocupar-se”, mas sim “apoquentar-se”. Andar apoquentado é andar preocupado ou atormentado interiormente, com o espírito desassossegado. É ter “arrelias”, palavra que também está bastante presente no contexto lombense tradicional. Do mesmo modo, apoquentar alguém é arreliar uma pessoa, desassossegá-la, incomodá-la fazendo-lhe maldades, ou então trazendo-lhe novidades preocupantes.
Chilrito
“Chilrito” significa o mesmo que “pinguito” (palavra também usada entre nós). A palavra “chilrito” aplica-se, normalmente, ao vinho (aliás, nem lhe conheço outro uso!): “Põe aqui um chilrito de vinho.”
Bem hajas
Esta é a fórmula de agradecimento tradicional em todo o Portugal: “bem hajas”, ou seja, “que tenhas bem”; ou no plural, “bem hajam”. O verbo “haver” (que tanto pode significar “ter” como “existir”) conjugado no optativo (modo que exprime desejo) dá à frase uma grande beleza.
Na opinião de muitos, é uma fórmula mais bela do que o actual “obrigado”. Ainda assim, convém esclarecer que, ao agradecermos com um “obrigado”, não estamos a dizer que a pessoa que nos fez o favor tenha sido obrigada a fazê-lo; pelo contrário, eu é que fico obrigado, isto é, fico em obrigação para com a pessoa que me fez o favor. Nesse aspecto, o “bem hajas” não é tão retributivo mas, por outro lado, é mais gratuito, menos comercial e, portanto, mais puro, na medida em que olha o favor recebido como um puro dom, vindo de alguém que nada espera em troca, e, por isso, não se compromete a dar uma paga: limita-se a desejar bem.
sábado, 9 de outubro de 2010
Maneiras de dizer
Com este título inauguro uma nova secção do nosso blogue, uma secção sobre aquilo a que poderíamos chamar «expressão oral lombense» ou, talvez mais exactamente, «expressão oral da região de Arganil». Nesta secção (cuja ligação já podem encontrar na barra lateral de etiquetas do blogue sob o título «Expressão oral») pretendo dar a conhecer e perpetuar para o futuro as frases, os nomes, as expressões, enfim, certas maneiras de dizer típicas [ainda] em uso na Lomba. Aqui apresentarei expressões e ditados populares que se dizem entre nós, formas de expressão que são próprias da nossa aldeia. Estas maneiras de falar que apresentarei são, muitas vezes, comuns a outros lugares e regiões mas, ainda assim, vale a pena transmiti-las, para que mais tarde se saiba que assim se falava na Lomba.
Aqui ficam algumas:
À pergunta.
Muitas vezes a palavra «pergunta» substitui a palavra «procura». Dizemos frequentemente por cá que andamos «à pergunta» de alguém ou de alguma coisa, em vez de dizermos que andamos «à procura». Vejam, clicando aqui, um episódio que mostra bem que esta expressão é muito nossa.
Adeus!
Contraditoriamente, a palavra «adeus» pode significar «olá»! É frequente, pelo menos entre as pessoas mais velhas, saudarem os que chegam dizendo «Adeus, menino!», «Adeus, ó Zé!».
Ah (em vez de Ó).
Nos vocativos da nossa linguagem popular o «Ah» substitui muitas vezes o «Ó». Assim, reparamos que é hábito as pessoas mais velhas dizerem «Ah menino!» em vez de «Ó menino!».
Ali além.
Na Lomba a expressão «ali além» é sempre preferida à expressão «acolá». Embora saibamos o que significa a palavra «acolá», nunca dizemos «Eu vou acolá», como noutras terras, mas sempre «Eu vou ali além».
Deixa ver.
Quando pedimos a alguém que nos passe algum objecto, as palavras «dá-me» ou «passa-me» são frequentemente substituídas pela expressão «deixa-me ver» ou «deixa cá ver». Muitas vezes corremos o risco de outras pessoas fazerem pouco de nós, mostrando-nos os objectos que pedimos em vez de no-los passarem, dizendo: «Já viste?».
Fazer pouco.
Fazer pouco de alguém significa gozar, escarnecer, fazer troça da pessoa, e é praticamente a única forma que as pessoas mais antigas usam para designar essa atitude. Reparem na extraordinária força expressiva desta forma de falar! Na verdade, que outra coisa não é troçar de uma pessoa senão rebaixá-la, pretender diminuir a sua dignidade?
Uh!
O apupo é a forma tradicional de chamar alguém à distância, por exemplo, na fazenda. Clicando aqui verão que este costume é muito forte pelo menos desde o tempo das invasões francesas e até que ponto os invasores o acharam característico.
Aqui ficaram algumas expressões típicas da Lomba e da região de Arganil em geral. Vou continuar a reunir mais. Quem sabe se um dia destes não conseguimos compilar uma espécie de dicionário? Comentem estas expressões e sugiram mais.
Aqui ficam algumas:
À pergunta.
Muitas vezes a palavra «pergunta» substitui a palavra «procura». Dizemos frequentemente por cá que andamos «à pergunta» de alguém ou de alguma coisa, em vez de dizermos que andamos «à procura». Vejam, clicando aqui, um episódio que mostra bem que esta expressão é muito nossa.
Adeus!
Contraditoriamente, a palavra «adeus» pode significar «olá»! É frequente, pelo menos entre as pessoas mais velhas, saudarem os que chegam dizendo «Adeus, menino!», «Adeus, ó Zé!».
Ah (em vez de Ó).
Nos vocativos da nossa linguagem popular o «Ah» substitui muitas vezes o «Ó». Assim, reparamos que é hábito as pessoas mais velhas dizerem «Ah menino!» em vez de «Ó menino!».
Ali além.
Na Lomba a expressão «ali além» é sempre preferida à expressão «acolá». Embora saibamos o que significa a palavra «acolá», nunca dizemos «Eu vou acolá», como noutras terras, mas sempre «Eu vou ali além».
Deixa ver.
Quando pedimos a alguém que nos passe algum objecto, as palavras «dá-me» ou «passa-me» são frequentemente substituídas pela expressão «deixa-me ver» ou «deixa cá ver». Muitas vezes corremos o risco de outras pessoas fazerem pouco de nós, mostrando-nos os objectos que pedimos em vez de no-los passarem, dizendo: «Já viste?».
Fazer pouco.
Fazer pouco de alguém significa gozar, escarnecer, fazer troça da pessoa, e é praticamente a única forma que as pessoas mais antigas usam para designar essa atitude. Reparem na extraordinária força expressiva desta forma de falar! Na verdade, que outra coisa não é troçar de uma pessoa senão rebaixá-la, pretender diminuir a sua dignidade?
Uh!
O apupo é a forma tradicional de chamar alguém à distância, por exemplo, na fazenda. Clicando aqui verão que este costume é muito forte pelo menos desde o tempo das invasões francesas e até que ponto os invasores o acharam característico.
Aqui ficaram algumas expressões típicas da Lomba e da região de Arganil em geral. Vou continuar a reunir mais. Quem sabe se um dia destes não conseguimos compilar uma espécie de dicionário? Comentem estas expressões e sugiram mais.
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
Uma lenda de Natal contada na Lomba
O Natal está à porta, por isso deixo-vos uma lenda de Natal que (ainda) se costuma contar entre nós. É uma espécie de evangelho apócrifo. Não sei se é baseada nalgum evangelho apócrifo, mas mesmo que não o seja tem, certamente, características comuns. Centra-se na infância de Jesus, mas parece-me ser apenas uma história piedosa sem grande proveito, nem sequer na perspectiva moralizante. Ainda assim, é interessante transmiti-la, não mais que seja por ser uma história que nos veio dos nossos antepassados. E este blogue pretende conservar para o futuro os relatos da tradição oral da Lomba, tradição que se empobrece e desaparece cada vez mais.
Conta a lenda que, quando a Sagrada Família fugia (para o Egipto, para escapar à perseguição de Herodes), colocou as ferraduras do burro ao contrário de modo a que as marcas ficassem viradas na direcção oposta à que seguia, iludindo assim os perseguidores.
A lenda também conta também que, na sua fuga, a Sagrada Família passou por um campo de tremoços. Ora, uma plantação de tremoços já secos faz bastante barulho quando passamos pelo meio dela, porque os tremoços arramalham dentro das vagens. Como esse barulho denunciava a Sagrada Família em fuga, Nossa Senhora amaldiçoou os tremoços e é por isso, diz o povo, que «os tremoços não matam a fome a ninguém, por muitos que se coma». Não sei se os tremoços são ou não muito nutritivos, mas pelo menos o povo considera-os um simples entretém sem qualquer utilidade para matar a fome. Independentemente do valor nutricional que possam ter, o que é certo é que os tremoços não nos dão grande sensação de saciedade…
Sorte diferente da dos tremoços teve uma seara de trigo, que, como não podia deixar de ser, dada a simbologia e a importância do pão na nossa cultura, foi abençoado por Nossa Senhora.
Será que este evangelho apócrifo lombense (ou, talvez mais correctamente, da nossa região de um modo geral) pode ser considerado uma explicação etiológica para o facto de os tremoços não saciarem a fome?
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
À pregunta de ti
Há maneiras de falar que, não sendo exclusivamente lombenses, fazem parte da nossa linguagem. Uma delas é o uso do verbo «perguntar» com o significado de «procurar». Assim, o nosso povo, para dizer que anda «à procura de alguém» ou « à procura de alguma coisa», diz muitas vezes «ando à pergunta de…». É um modo de falar usado na Lomba e em outros lugares mas não em todos e nem por todas as pessoas. Tanto as pessoas de outras regiões como certas pessoas mais jovens (mesmo entre nós) estranham este uso tão… inusitado do verbo «perguntar».
Há já uns quatro anos estava eu numa Ordenação em que, depois da celebração, comíamos de pé à volta de mesas instaladas num pavilhão, em Midões. Uma senhora, que mora em Cernache (Coimbra) e me conhecia a mim e aos que estavam comigo, aproximou-se e perguntou-nos:
- Vocês não viram por aí a minha Maria?
Respondemos que não e a senhora continuou o caminho em busca da sua filha. Passado um pouco, aparece ao pé de nós a Maria. Naquele tempo ela devia ter uns doze anos. E eu digo-lhe:
- Ó Maria, olha que a tua mãe anda aí à tua pergunta.
- À minha quê?
E eu repeti, pensando que ela tivesse ouvido mal:
- À tua pergunta.
- À minha quê?
E aí é que eu percebi qual era a dificuldade, e disse:
- À tua procura.
- Ah!!!
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
As invasões francesas na Lomba (3ª parte)
Apesar de começar a cair em desuso, o apupo ainda hoje é uma forma popular entre nós de chamar as pessoas à distância, ou então de responder, sobretudo da fazenda. Conta-se que, no seu gozo terrorista, alguns franceses, imitando este costume local do apupo, faziam pouco dos povos destas nossas aldeias que ao longe fugiam a esconder-se onde podiam: «Uuu! Ó Maria, vêm lá os franceses!»
Era muito difícil esconder-se nestas serras, porque naquela época elas estavam completamente “rapadas”: as árvores não eram assim tantas como hoje e, sobretudo, não havia mato quase nenhum, porque era roçado para “fazer a cama” aos animais e, depois disso, ser estrume nas fazendas. E era complicado fazer fogueiras nesses acampamentos improvisados, porque o lume de noite ou o fumo de dia logo sinalizariam a presença dos refugiados.
Era muito difícil esconder-se nestas serras, porque naquela época elas estavam completamente “rapadas”: as árvores não eram assim tantas como hoje e, sobretudo, não havia mato quase nenhum, porque era roçado para “fazer a cama” aos animais e, depois disso, ser estrume nas fazendas. E era complicado fazer fogueiras nesses acampamentos improvisados, porque o lume de noite ou o fumo de dia logo sinalizariam a presença dos refugiados.
continua
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