quinta-feira, 11 de setembro de 2008

As antiguidades da Lomba (2ª parte)

A grade de ferro da capela do Senhor da Ladeira
Não sabemos quando nasceu a Lomba e nem encontrei até agora qualquer indicação de quando começou a ser habitada. Mas sei com certeza que o nosso lugar é habitado pelo menos desde o século XVIII. Na verdade, a tradição oral que conheço não nos dá notícias mais antigas do que até esse século, ou seja, o século em que foi forjada uma monumental grade de ferro que está na capela do Senhor da Ladeira, no Santuário do Mont’Alto, e que se diz ser setecentista, tal como é, aliás, toda a capela. É a grade que divide o presbitério da nave da igreja, ocupando todo o arco desde o fundo até ao cimo, abrindo no fundo em duas portas. Para além de ser muito alta, a grossura das suas peças em ferro maciço é realmente impressionante! É uma obra feita com arte e mete respeito pelas suas dimensões. Surpreendentemente, esta obra magnífica foi feita na Lomba! De facto, o já falecido ti’Luís dizia que «a grade de ferro que está na capela do Senhor da Ladeira, no Mont’Alto, foi feita cá na Lomba, numa forja que cá havia».

Estes factos são os testemunhos mais antigos que consegui encontrar do povoamento da Lomba, e fazem-no remontar, portanto, ao século XVIII. Se bem que o Monsenhor Nunes Pereira era da opinião de que a grade é mais antiga do que a própria capela. Mas quantos anos? De qualquer modo, temos por certo pelo menos que pelo menos no século XVIII a Lomba já existia e tinha até um ferreiro de certo mérito com oficina estabelecida.

Acerca da grade diz-nos a Doutora Regina (ANACLETO, Regina, Arganil, colecção Cidades e Vilas de Portugal volume 21, Editorial Presença, Lisboa 1996, páginas 106 e 107): «No interior [da capela], sob o arco triunfal, uma grade de ferro lançada a toda a altura e formada por grossos varões horizontais que a dividem em três corpos, onde se desenvolvem enrolamentos de barrinhas, separa os dois corpos do edifício. Entra na tradição que esta bonita grade impediu os soldados franceses de entrar na capela-mor, a fim de roubar os tesouros do santuário e profanar as imagens que ali se encontravam a bom recato, o que me não parece provável, porque os invasores, no Mont'Alto, poucos danos causaram e, certamente, tinham meios que lhes possibilitariam ultrapassar o obstáculo. Mas aceitemos a memória».

Em que lugar da Lomba é que a grade setecentista foi forjada? A forja que cá existia e da qual há ainda pessoas vivas que se lembram era na eira (ao pé da casa que hoje é do ti’Henrique), atrás da casa em ruínas que lá está. Disse-me o ti’Henrique que já não se lembrava de essa forja laborar, mas na sua infância «ainda lá estava a pedra» onde se fazia o braseiro e onde ainda havia restos de uma «mistura de cinza com ferro fundido». Porém teria existido uma forja anterior na rua do chafariz, onde hoje é o portão de madeira. Foi aí que foi feita a grade de ferro do Senhor da Ladeira? Talvez…

Não sei se esta tese da grade do Senhor da Ladeira tem ou não uma consistência de… ferro! Eu pessoalmente acredito que sim. Mas ainda que assim não seja, a tradição oral deixou-nos testemunhos ainda mais firmes do povoamento da Lomba mesmo no início do século XIX: os relatos orais das invasões francesas na Lomba. Vai ser esse tema do próximo artigo d’As antiguidades da Lomba.

2 comentários:

Anónimo disse...

Ola Orlando
esta de parabems por o trabalho/pesquiza que estas a realisar. Estas a informar-me de coisas que eu nao sabia e fico contente em saber que a Lomba tambem contribuio para a historia da senhora do Mont'Alto.
Continua o teu bom trabalho.
Fernando Almeida

acpfred disse...

Ola Orlando
esta de parabems por o trabalho/pesquiza que estas a realisar. Estas a informar-me de coisas que eu nao sabia e fico contente em saber que a Lomba tambem contribuio para a historia da senhora do Mont'Alto.
Continua o teu bom trabalho.
Fernando Almeida