terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Um soneto de Natal

Se considero o triste abatimento
Em que me faz jazer minha desgraça,
A desesperação me despedaça,
No mesmo instante, o frágil sofrimento.

Mas súbito me diz o pensamento,
Para aplacar-me a dor que me traspassa
Que Este que trouxe ao mundo a Lei da Graça,
Teve num vil presepe o nascimento.

Vejo na palha o Redentor chorando,
Ao lado a Mãe, prostrados os pastores,
A milagrosa estrela os reis guiando.

Vejo-O morrer depois, ó pecadores,
Por nós, e fecho os olhos, adorando
Os castigos do Céu como favores.

Manuel Maria Barbosa du Bocage

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Está perto!

Apesar de ainda estarmos em Advento, já cheira a Natal por todo o lado. A própria Liturgia nos lembra isso: o Domingo passado foi o Domingo da alegria. Alegria porque o Natal está já muito perto. Um Natal que celebra um Nascimento de há dois milénios, mas também o Natal que é preciso que aconteça em cada um de nós e na nossa sociedade. De facto todos precisamos de um novo nascimento. E para isso é preciso que Ele, de alguma maneira, nasça em nós.
Este é o tempo da Senhora do Ó. Chama-se assim porque começou ontem (dia dezassete) a chamada novena do Natal, na qual as Vésperas (oração da tarde da Liturgia das Horas) têm para cada dia uma antífona a Jesus Cristo que começa por «Ó»: «Ó Sabedoria,…»; «Ó Chefe da casa de Israel, …».
Neste espírito de proximidade do Natal, festa que nos diz tanto, quer sejamos cristãos ou não, mais praticantes ou menos, aqui fica um poema de Natal de Miguel Torga, com o grande mérito literário que lhe era próprio.


HISTÓRIA ANTIGA

Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava, e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.

E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da Nação.

Mas,
Por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.

Miguel Torga

(Antologia Poética, Ed. do Autor, Coimbra 1981)

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Neve na Serra da Aveleira

O Inverno está à porta e muitos foram os nevões que caíram em algumas regiões do interior-norte do país durante este fim-de-semana, chegando mesmo a cortar algumas auto-estradas. Cá entre nós, na Lomba, não nevou, mas na nossa Serra da Aveleira chegou a nevar.

O frio que se faz sentir é muito mas nem em todos os invernos se reúnem as condições propícias para nevar na Lomba. Acontece apenas em alguns anos. Mas pelo menos na Serra da Aveleira é sempre possível apreciar um pouco de neve em alguns dias do ano, e algumas pessoas vão lá passar um bocado do dia, até porque ultimamente estes pequenos nevões têm calhado (curiosa coincidência) ao fim-de-semana.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

História do nosso chafariz

Fazer a história do chafariz da Lomba é fazer a história dos primórdios das canalizações de água na nossa terra. Digo isto porque não conheço informações relativas a água canalizada na Lomba antes da construção do chafariz. Mas agradeço aos estimados leitores que me informem se conhecerem dados mais antigos.

No início da década de trinta a água do Chafurdo passou a ser canalizada para a povoação, mais concretamente para o chafariz, edificado no mesmo lugar onde ainda hoje se encontra. Provavelmente antes dessa altura era preciso ir lá buscá-la com cântaros.

Já vimos na semana passada que antes o Chafurdo era um pequeno tanque a céu aberto. António da Costa Póvoas, Manuel Martins, António Duarte, Diamantino Varandas e Joaquim Caldeira da Costa são pelo menos alguns dos nomes que formaram uma comissão que construiu o depósito e a mina do Chafurdo bem como a vala e a canalização para o chafariz. Trata-se, portanto, de uma acção do movimento regionalista na Lomba. Das primeiras? Não sei. Talvez sempre as tenha havido, de forma mais organizada ou mais informal.

Nessa altura o fontanário actualmente em funcionamento, datado de 1948, não existia e havia um amontoado de esterco onde agora é o painel de azulejos. O fontanário que funcionava era o de granito que ainda lá está, desactivado, ao lado do actual.

Quando é que tudo isto aconteceu exactamente?
É difícil dizer, mas parece-me que foi entre finais de 1932 e início de 1933. Na verdade, segundo os relatos orais, o fontanário mais antigo que está no chafariz, o de granito (o primitivo?), veio em carro de bois e foi lá descarregado por Joaquim Fonseca em 1933 ou mesmo ainda em 1932, quando foi inaugurada a nova estrada Arganil – Nogueira (em Setembro de 1932).

O actual fontanário, de 1948, é igual a outros da freguesia (como o da Nogueira, o do Mourão, …), porque foram todos encomendados pela Câmara na mesma altura e à mesma empresa.

Segundo a ti’Conceição (que Deus haja), depois de feito o novo fontanário, quiseram mudar o antigo fontanário de granito para o lugar onde agora é a Comissão, «mas os velhos da terra bateram o pé e não deixaram!».

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

O Chafurdo antes da canalização

No fim do Caminho da Fonte encontramos o Chafurdo, fonte que, ao que parece, foi muito importante para a Lomba desde o seu início. Hoje o Chafurdo é um depósito coberto, porque no início dos anos trinta do século XX a água foi canalizada para o chafariz.
Mas antes das obras de canalização o Chafurdo era um pequeno tanque a céu aberto donde se apanhava a água. Aliás, chafurdo era o nome que se dava a este tipo de fonte. As dimensões deste tanque seriam pouco maiores do que as do tanque que agora lá está e para onde corre a água do depósito em excesso, no Inverno. Segundo a ti’Gracinda (que Deus haja), de vez em quando esse chafurdo primitivo era lavado: tirava-se a água toda com um aguadeiro, lavava-se o tanque e esfregavam-se umas pedras brancas que havia no fundo. Depois as pedras eram postas de novo no lugar e voltava-se a encher o chafurdo, que ficava com uma limpidez belíssima, «com as pedras a branquejar no fundo».

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Doentes

Após quedas que deram, encontram-se doentes as irmãs Fernanda e Celínia. Desejamos rápidas melhoras.