quinta-feira, 9 de outubro de 2008

As invasões francesas na Lomba (4ª parte)

Por onde quer que passassem, os exércitos, esfomeados, buscavam alimento, que roubavam violentamente às populações: gado de todo tipo, porcos, galinhas, milho, castanhas, vinho…
Não sei se entre nós o povo organizou alguma resistência armada contra o invasor como se fez noutros lugares do país, mas é certo que foram feitos esconderijos onde se armazenavam os mantimentos que era possível. Já vimos como algumas versões dos relatos orais dizem que a velhinha queimada pelos franceses foi interrogada sobre mantimentos escondidos.
Parece que estes esconderijos de alimentos eram feitos tanto em casas como fora delas. Quando há uns anos se fizeram obras numa loja de uma casa da Nogueira foi descoberta, depois de escavada alguma terra do chão, uma laje. Ao levantar a laje foi encontrado um buraco onde estava um pote, já vazio. Na nossa estrada para Arganil (inaugurada em Setembro de 1932) existe a famosa curva conhecida pelo nome de «Volta do Pote», porque quando os trabalhadores que fizeram a estrada escavaram aquela curva (e naquele tempo isso fazia-se manualmente, com pás e picaretas) também encontraram lá um pote enterrado, também ele vazio. Teriam estes potes servido para esconder mantimentos durante a invasão? Não sabemos, embora haja quem defenda que sim. Pessoalmente não arrisco defender essa hipótese, embora a considere possível.
Existe junto à Poça da Sorte, alguns metros à direita do lugar onde desemboca o carreiro que lá chega vindo de frente da Eira do Povo, um buraco escavado na barreira, hoje semi atulhado pela passagem por ali da estrada nova que lá fizeram. Também há quem diga que aquele buraco serviu para esconder mantimentos, mas talvez a sua escavação seja anterior. Essa caverna é conhecida por «buraca dos mouros». Mas sobre ela falarei noutra ocasião mais oportuna.
Porém, mesmo os esconderijos eram, muitas vezes, descobertos, pois as casas eram completamente revolvidas: «[…] as cazas não parecião senão huma confusão, trastes despedaçados, tudo revolto nada no seu lugar, as lojas cavadas, quantos escondrigios se tinhão feito para cada hum refugiar oque podia, tudo descoberto […]» (o. c., página 27, negrito feito por mim).
continua

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