quarta-feira, 1 de abril de 2009
Nos dentes da minha forquilha
Um homem, que por acaso já morreu,
Vira-se ao Padre do Colmeal,
Que, coitado, também já morreu,
De rosto muito sério e natural:
«Senhor Prior, estamos na Quaresma:
Faremos penitência em tudo!
Mas ficou-me um pedaço de carne
Preso nos dentes desde o Entrudo...
E, então, venho perguntar-lhe,
Uma vez que o tenho lá,
Se seria, agora, pecado
Se eu o fosse comer já...»
«Se lá ficou pelo Entrudo
Acaba o que está começado:
Sossega e vai em paz,
Pois não é nenhum pecado!»
«Muito obrigadinho, Senhor Prior!
Estou-lhe muito agradecido!
Nos dentes da minha forquilha
Há um presunto a ser comido!...»
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